Chutômetro das Ondas

Sábado dia 31 – O mar sobe ao longo do dia, chegando a um metro séries maiores em algumas praias. A ondulação é de sul/sudoeste, com vento leste fraco pela manhã e forte a tarde. Melhores condições : Grumari, Macumba e Prainha

Domingo dia 1 – Ondas de  um metro e meio com séries maiores em algumas praias, podendo chegar a 2 metros. A ondulação é de sul, com vento leste fraco pela manhã e forte a tarde. Melhores condições : Grumari, e Prainha


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FOTO: CLARK LITTLE

Surfar é Coisa de Rico

Depois de semanas envolvido em assuntos polêmicos, como a morte do brasileiro na Indonésia Marco Archer, e o triste assassinato do catarinense Ricardo dos Santos, resolvi prestigiar a pré-estreia do filme Surfar é Coisa de Rico. Confesso que não tinha nenhuma expectativa de ver um documentário que me empolgasse muito. Fui mais para encontrar amigos e falar de surf de uma maneira amena, sem pensamentos ruins. Um grande número de pessoas presentes lotaram uma sala de cinema do Down Town, para conhecer a história de um dos legends mais importantes do surf nacional, Rico de Souza. Para minha surpresa o documentário, dirigido por Guga Sander, foi um excelente programa de começo de semana. Imagens, edição, músicas e roteiro que me agradaram bastante. O filme mostra passagens importantes do surf brasileiro, usando como fio condutor a jornada de Rico de Souza dentro de um esporte em formação no Brasil. Mostra a importância do lado visionário e empreendedor dele, e a sua busca por uma evolução profissional. Destaco a qualidade dos depoimentos de grandes personalidades do surf e da cultura, como Randy Rarick, Fred Hemmings, Clyde Aikau, Fast Eddie, Ricardo Bocão, Julio Adler, Fred D’orey, Horácio, Tito Rosemberg, Otávio Pacheco, Daniel Sabbá, Daniel Friedmann, Evandro Mesquita e Kadu Moliterno, que relataram um pouco das experiências e os momentos que passaram junto com Rico. Além disso, conseguiram mostrar um pouco da personalidade e alguns destaques da vida deste ilustre personagem.

Rico de Souza fazia pranchas que eram o sonho de muitos nos anos 70. Foto: Arquivo

Rico de Souza fazia pranchas que eram o sonho de muitos nos anos 70. Foto: Arquivo

Conheci o Rico mais intimamente quando abri minha loja na mesma galeria em que ele tinha a sua. Ele era um dos ídolos da minha adolescência, dos tempos que comprava Brasil Surf para ver as fotos dos melhores surfistas dos anos 70. O contato com ele me fez aprender muita coisa. Via nele a luta do dia a dia para conseguir viver do que mais gosta e isso me inspirava. Na minha opinião, ele, Bocão, Daniel, e outros que não me recordo agora, são caras que sempre tirei o chapéu, pois nunca cogitaram viver de algo diferente que não fosse o surf.  Estou falando de ídolos que tomaram essa decisão numa época que os surfistas eram vistos como marginais. O que mais me fascina no caminho deles é a determinação na realização desse sonho. Alguns anos se passaram e voltei a trabalhar com o Rico, nos meus dez anos de ABRASP. Ele fazia os eventos de longboard para a Petrobras, chancelados pela entidade.  Nos encontrávamos para organizar alguns detalhes e via seu profissionalismo para a realização de suas etapas. A cada trabalho feito nossa relação de respeito aumentava. Tenho uma admiração muito grande pelo surfista, mas mais ainda pela pessoa, que sempre me tratou de forma profissional e respeitosa. Sem dúvida é um orgulho ter uma amizade com um dos nomes mais importantes do nosso esporte.

Rico de Souza em ação. Foto: Arquivo/ Divulgação

Rico de Souza em ação. Foto: Arquivo/ Divulgação

Contar a jornada dele em matéria no blog seria meio sem noção, tendo um documentário tão bem feito para ser assistido. Para entender como Gabriel Medina chegou ao topo do ranking mundial, todos tem que assistir como foi construído cada degrau da história, até a conquista do título . Aconselho que assistam Surfar é Coisa de Rico.

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Sábado dia 24 – Um metro com series maiores, podendo chegar a 1,5 metro em algumas praias. Ondulação de sul e vento nordeste fraco pela manhã, e leste/ sudeste a tarde com intensidade moderada. Melhores opções : Pontão do Leblon, Macumba, Prainha e Grumari.

Domingo dia 25 – Um metro com series maiores em algumas praias. Ondulação de sul e vento terral pela manhã, passando para um sul fraco a tarde. Melhores opções : Pontão do Leblon, Macumba, Prainha e Grumari.

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Itacoatiara Foto: Matheus S couto @matheusscouto

Sem Esperança

Olhei muitos posts da morte do Ricardo dos Santos e notei que a falta de esperança das pessoas, num Brasil melhor e mais justo, é enorme. Esse sentimento vem crescendo assustadoramente e não é sem motivo. Fora as dificuldades económicas, que estamos passando, vemos que a falta de respeito com a população é algo lamentável. Até o 11 vezes campeão mundial Kelly Slater aponta erros graves na sociedade brasileira, que insistimos em deixar de lado. Pagamos impostos altíssimos para uma cambada de ladrões,  que sustentam uma estrutura de poder e não atendem minimamente a população mais carente. Dão uma esmola de bolsa família para pessoas humildes, mas não dão educação, saúde e segurança. Por outro lado, controlam o legislativo e o judiciário corruptos, para mostrar que agem dentro da lei e da ordem. Temos que aguentar 39 ministérios, cabide de emprego de partidos que apoiam essa estrutura nojenta de poder. Acordos escusos com empreiteiras, onde nosso dinheiro é desviado para esse grande grupo de malandros. Situações que seriam punidas num país sério, coisa que o nosso não é, como dizia o presidente francês Charles de Gaulle.

Independente da classe social, nossa sociedade vive dentro da Lei de Gerson, na qual o importante é levar vantagem em tudo. Essa mentalidade destrói o desenvolvimento de um país que poderia ser de primeiro mundo, pelos recursos e riquezas que tem. Ao contrário, somos um país de terceiro mundo que faz de tudo para não sair desse patamar. Chegou a tal ponto que ler jornal virou um desespero, pela quantidade de assassinatos, crimes de corrupção, mortes por descaso e por ai vai. Isso se tornou normal e a TV brasileira piora a situação passando novelas que ensinam tudo errado, mostrando violência em excesso em seus filmes e banalizando a vida.  Como podemos ter esperança se está tudo errado ?

Quando Gabriel Medina ganhou seu título mundial senti uma alegria que não sentia há muito tempo. Acho que só quando o Botafogo foi campeão brasileiro, em 95, tive tanta satisfação esportiva. O clube do meu coração está passando um momento muito delicado, pela má administração da diretoria anterior.  No futebol a Lei de Gerson impera, e alguns ainda acreditam que isso vai melhorar.

A morte do Ricardo dos Santos foi o oposto, fiquei profundamente triste com o ocorrido. Pensei na mãe dele e em tantas outras que perdem seus filhos por atitudes descontroladas de policiais despreparados. Na provável impunidade que assistiremos, e na falta de esperança que isso vai gerar. Logo agora que a comunidade do surf estava esperançosa por dias melhores, uma bomba cai em nossas cabeças. Sabendo separar o lado esportivo do social, acredito ainda em dias melhores para o nosso esporte. O efeito Medina pode ajudar a tirar o surf nacional do buraco. Quanto ao lado social, infelizmente não acredito em melhoria se não mudarmos a nossa mentalidade.

Homenagem a Ricardo dos Santos na Guarda do Embaú. Foto: Hellen Macha

Homenagem a Ricardo dos Santos na Guarda do Embaú. Foto: Hellen Macha

O reencontro

O havaiano já está com sua lycra. As ondas estão com 10 a 12 pés bem ocas, não tem vento. Seu adversário acabou de chegar, com o sorriso estampado no rosto, feliz por poder surfar com seu ídolo. Ele é brasileiro, um apaixonado pela adrenalina. E pega sua camisa, juntando-se ao rival, para finalmente fazer o que sabe melhor.

As trombetas soam e a disputa tem início. O local do Hawaii, alto e louro, lembra a maioria dos aficcionados que estão ali, plainando, assistindo a exibição do dom divino cedido ao ser humano. O brazuca, menor, mas carismático, parece um guerreiro, como Miguel, e mesmo sabendo que aquilo tudo no fundo é uma brincadeira, quer fazer o melhor e se possível vencer.

Ondas vem e ambos surfam sem parar.

Até que uma enorme, azul, perfeita se aproxima e o havaiano exerce sua prioridade remando com autoridade, se posicionando para o drop. A queda é íngreme, mas com as costas e a mão esquerda, consegue encaixar no trilho e desaparece por alguns segundos para sair cuspido pelo spray, sendo ovacionado. Uma outra vaga, tão grande quanto a anterior, também azul e perfeita, vem para o brasileiro, que com remadas rápidas e um jogo de corpo, desce a ladeira, encostando o peito na parede, controlando a velocidade e sumindo no turbilhão líquido, para surgir, ileso, com os braços erguidos vibrando com o presente concedido.

Os juízes, Gabriel, Rafael e Uriel, não escondem a satisfação e digitam a nota 10 para ambos surfistas. Deu empate!

O havaiano, mesmo tão competitivo, abre os braços e chama o rival para um forte abraço. O brasileiro sorri e abraça seu ídolo, sentindo um pouco de saudade de casa. Mais velho, o havaiano olha para o mais jovem e diz: “Não fique assim! Você foi muito amado. Deu muitas alegrias ao seu povo e acima de tudo a sua família. A dor passa e as boas lembranças ficam para sempre!”

O brasileiro, olha para o horizonte, depois para baixo, e com um suspiro fala: “Eu sei! Mas é que eu queria fazer tantas coisas…”

O havaiano, há mais tempo afastado de casa, o olha com ternura e declara: “Você já fez! Olhe para eles! Olhe quanto amor! Não é para isso que vamos para lá? Para amar! Pois você amou e foi amado por muitos!”

Segurando suas pranchas, deram uma última espiadinha dos céus e foram andando, entre as nuvens, cercados pelos anjos, em festa, pois amanhã teriam mais uma exibição.

“Amanhã eu ganho de você Andy”, soltou o brasileiro.

“Acho que não Ricardo!”

Andy Irons está com Ricardinho em outro plano. Foto: Flindt

Andy Irons. Foto: Flindt

Foto: Joli

Ricardo do Santos Foto: Joli

 

 

Intolerância

É dificil escrever com um sentimento de revolta e ao mesmo tempo de medo. Pois essa conta tá chegando próxima de nós.
O surf nunca esteve tanto em evidência como agora. Infelizmente, de forma trágica, o Jornal Nacional acaba de anunciar que o surfista Ricardo dos Santos, ou simplesmente Ricardinho, não resistiu aos tiros de que foi alvo. Faleceu na tarde de hoje. Um jovem cheio de futuro, que já havia feito história como um dos maiores big barrel rider – não sei nem se há essa classificação – do Brasil, mundo afora.

Escrevo não pela qualidade do surf do Ricardinho, que é inquestionável. Escrevo por ainda estar estarrecido com mais um fato inaceitável de nosso cotidiano.

Três coisas me chamam atenção nesse caso:

  1. Ocorreu na Guarda do Embaú, um local famoso por ser um destino de férias;
  2. Foi cometido por um Policial Militar de Joinville;
  3. Com três tiros a queima roupa, dois na barriga e um no peito, Ricardinho foi alvejado, ao que parece, com intenções claras de execução.

Qual o tamanho da raiva descabida que esse profissional armado carregava em um local que teoricamente é um destino clássico para descansar, relaxar? Um profissional legalmente armado para servir os seus cidadãos, não teria capacidade de argumentar de forma civilizada com o seu semelhante? Alguém na Polícia Militar avaliou este profissional antes que ele ingressasse na PM de Joinville? Após entrar na Polícia Militar, houve algum tipo de estágio probatório e avaliação para que esse profissional da PM permanecesse empregado e armado?

A comunidade do surf está de luto. Foto: Diario Catarinense

A comunidade do surf está de luto. Foto: Diario Catarinense

Enfim, são diversas perguntas que agora não vão trazer de volta Ricardinho, que lutou bravamente em mais de 7 horas em cima de uma mesa cirúrgica.

Agora, gostaria de escrever que a “presidenta” Dilma, com todas as suas atribuições, ao invés de pedir clemência por um traficante brasileiro condenado à morte na Indonésia, deveria sim liderar uma mudança ampla e profunda na sociedade brasileira. Uma mudança no pensamento de que tudo pode, de que há impunidade, de que o crime compensa.

Infelizmente, penso de modo romântico, pois os nossos governos (federal, estadual) mal conseguem planejar e gerir a oferta energética necessária para atender à demanda no verão; mal conseguem planejar e orientar a população quanto ao consumo e gestão adequada do abastecimento de água potável; mal conseguem controlar a inflação que eles mesmos fixam como meta.

A morte do Ricardinho é 100% culpa do governo federal e 100% culpa do governo de Santa Catarina. Mas também é 100% de todos nós que assistimos pacificamente à morte diária de milhares de inocentes em nossos telejornais, em uma frequência cada vez maior e com requintes de crueldade cada vez mais intensos.

Temos que berrar, chiar e manifestar sim. Hoje temos diversos canais para fazer barulho, mostrar a nossa insatisfação. Basta de morte de inocentes na Guarda, em Nova Iguaçu, de balas perdidas matando crianças. Se nós não temos respeito pelo próximo como é que podemos exigir que o governo, eleito por nós, tenha e imponha mudanças. Cabe a nós mesmos mudar, falar nos condomínios, nas comunidades, nas associações de bairro sobre cidadania, respeito ao próximo. Falar das leis que regem a sociedade. Avaliar se o nosso bom senso é só nosso ou é em prol da coletividade.

Vi um post no twitter de um amigo com o seguinte hashtag #Jesuisricardinho. Eu não quero ser Ricardinho, e nem quero que minha esposa e meu filho que vai nascer sejam. Aliás, ninguém mais precisa ser ele para que comecemos a mudar. As leis existem para ser cumpridas. Sem jeitinho, sem malandragem.

Toda vez que eu vejo um cara no acostamento ultrapassando os carros presos no trânsito, eu penso que a falta de respeito que esse motorista tem com o próximo é relativamente equivalente à falta de respeito demonstrada pelo PM assassino do Ricardinho. Imagino como o mundo ficará caso entremos num ciclo sem água no Rio/SP. Sem gasolina, temos o Mad Max. Agora, e sem água, que é um bem essencial e que não dá para não ter? Que sociedade será essa que construiremos sem começarmos uma mudança já?

Basta!

Que fique eternizada a imagem do Ricardinho dentro daqueles imensos salões em que ele surfava com uma grande maestria.

Ricardinho aonde se sentia mais a vontade. Foto: Surfer Mag

Ricardinho aonde se sentia mais a vontade. Foto: Surfer Mag

A (in)justiça

Estou há um mês sem escrever. Dei uma relaxada. E adoraria estar falando de um assunto menos negativo, ligado diretamente ao surf, que é o tema deste blog. Mas não consigo pensar em outra coisa do que a execução de Curumim, no caso Marco Archer.

Conheci Curumim há cerca de 25 anos, quando acompanhei um amigo em comum que foi a casa dele. Não sabia que ele vendia drogas e fiquei surpreso quando vi pela primeira e útima vez um pacote de 1 kg de cocaína. Na verdade tinha de tudo, mas aquele pó branco realmente me deixou impressionado. Eu tinha um pouco mais de 20 anos, o que para a época correspondia a um adolescente hoje.

Curumim era um cara engraçado, de riso fácil e já conhecido pelos feitos no vôo livre. Gostava de pegar onda, mas acho que não era o que ele curtia. Algum tempo depois, após nos cruzarmos por algumas festas e eventos, soube que tinha partido para morar em Bali, o novo Hawaii para os brasileiros.

Com tantos amigos em comum, as histórias pipocavam sobre o talentoso voador e suas peripécias como rei da noite em Bali. Tenho certeza de que muita gente que lê este texto tem alguma história bacana com ele.

Quando foi preso, em 2003, fiquei até surpreso, pois depois de tanto tempo traficando, nunca imaginava que num país tão corrupto, algo do tipo aconteceria. Mas aconteceu e um ano depois sua pena foi concedida: morte. Até aquela data, pouquíssimos estrangeiros tinham sido executados. Pois mudou-se o presidente, mudou a política.

Não acredito em pena de morte. Mas as vezes me pego pensando que certas pessoas mereciam morrer. Sou humano, regado a emoções, mas definitivamente não acho que Curumim merecia ser fuzilado depois de passar 11 anos preso num inferno. Respeito a cultura dos outros e suas leis, mas simplesmente não acredito que sua morte vá mudar alguma coisa na entrada de drogas na Indonésia ou qualquer outro país.

Como comparar um cara que vai num jornal e mata doze pessoas a sangue frio com um traficante, que se tornou isso basicamente por não ter tido um lar normal, já que seu irmão, ironicamente um viciado, batia em sua mãe a procura de dinheiro para comprar drogas? Li muita gente dizendo que ele sabia o que fazia ou que a lei foi cumprida, mas em sua sã consciência, você mataria um amigo ou conhecido que vende ecstasy ou maconha? 13 quilos ou 13 balas não causam o mesmo efeito social? Todos somos produtos de um meio. Curumim errou, assumiu o risco e perdeu. Mas a vida?

Daqui há um ano, poucos se lembrarão que Curumim foi o rei da noite em Bali, até porque, certamente alguém já está ocupando este posto. Mais soldados do exército ganharão sua propina, mais políticos ganharão dinheiro com a venda de ópio e mais surfistas desembarcarão em Denpasar a procura das esquerdas mágicas e noites sem fim. A roda viva continua, a hipocrisia continua e a tristeza por ver uma pessoa que no fundo era um cara do bem, fazendo a coisa errada, partindo de forma tão cruel, marca este início de 2015, seco e infernal, como os corações de muitos.
A humanidade vive um momento terrível onde o amor ao próximo está findando. São tantas bárbaries, não existe compaixão. A vingança, preconceito e ódio estão caminhando rapidamente para o topo das emoções. Lendo tantas opiniões exaltando a punição para outro ser humano pelo simples fato de que é o certo pelo que diz a lei (dos homens), fico realmente consternado.
Não sou juiz, mas pergunto a você, se Curumim foi fuzilado por ser um traficante que levava e vendia drogas, o que fazer com um playboy que espanca sua namorada, ou um garoto de classe média que espanca um empregada doméstica? Morte para eles? Quem define? Nós?

Chutômetro das Ondas

Sábado dia 17 – Meio metro, series maiores, com ondulação de sul e vento terral fraco pela manhã, passando a sudeste a tarde. Melhores condições : Prainha, Grumari e Barra da Tijuca.

Domingo dia 18 – Meio metro com ondulação de sul e vento terral fraco pela manhã, passando a sudeste a tarde. Melhores condições : Prainha e Grumari.

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Como resgatar o surf do Rio de Janeiro ?

O termino de 2014 foi fantástico para o surf brasileiro. Gabriel Medina conquistou o tão sonhado título mundial para o Brasil, e Filipe Toledo e Silvana Lima foram campeões do WQS. Fora isso, ainda mantivemos 7 atletas na elite do surf mundial masculina e voltamos a ter uma atleta no feminino. Se olharmos pelo lado internacional, foi um ano em mar de rosas. Porém, não podemos esquecer que no ano passado o mercado do surf  passou por um dos momentos mais fracos de sua história. O circuito brasileiro profissional foi feito através do estaduais e o circuito amador ficou a desejar. As empresas passaram o ano reclamando e até a mídia especializada dá sinais de passar por grandes dificuldades. Olhem as principais revistas do país e vejam se não encolheram. Será o que o efeito Medina vai mudar o rumo dessa situação ? O momento interno é preocupante.

Fui presidente da extinta OSP do Rio de Janeiro e naquela época o surf carioca tinha sempre nomes fortes nos rankings . Olhei para a lista final do circuito brasileiro 2014 e para minha surpresa não tem nenhum atleta do estado entre os 20 primeiros. Não estou falando da cidade do Rio, mas sim do estado. Com a saída de Raoni Monteiro do WCT, o Rio ficou sem nomes representativos no cenário internacional . Como a situação chegou a esse ponto ? Depois da fortíssima geração de Leo Neves, Raoni Monteiro, Marcelo Trekinho, Pedro Henrique e muitos outros, apareceram ainda Simão Romão, Gustavo Fernandes, Leandro Bastos, e mais alguns que os sucederam e conquistaram grandes eventos e títulos. O Rio foi sempre celeiro de grandes nomes do surf brasileiro.

Se analisarmos com calma, depois dos anos 80 e começo dos 90, quando o Rio tinha grandes empresas cariocas patrocinando atletas locais, o estado ficou na dependência de marcas de outros estados para patrocinar seus atletas. Marcas como CG, Tico e Company/ Cyclone , tinham um número enorme de atletas vitoriosos em sua equipes. A OSP era forte e seu circuito era um dos melhores do país. Quem não lembra do Limão Brahma, um dos melhores circuitos estaduais de todos os tempos ? A premiação era ótima e vários surfistas de outros estados vinham pela grana e pela visibilidade que o circuito oferecia, com a Tv Globo cobrindo para o Esporte Espetacular . Em uma etapa em Saquarema, vencida por Dadá Figueiredo, Cheyne Horan, Rob Paige e Mitch Thorson, três atletas australianos de destaque do tour, participaram da etapa, para ver a importância que o evento tinha na época. Com a saida da Brahma, em 1996, começou o Circuito Cidade Maravilhosa, patrocinado pela prefeitura e por uma marca do ramo surfwear. Começou com a Company, passando para a Jamf e finalizando com a Rip Curl. Foram anos de bons eventos e formação de novos atletas.

E agora o que sobrou ? Não tem mais OSP, não teve circuito estadual em 2014 e os atletas estão sem patrocínio para correr o circuito brasileiro. Queria entender porque a prefeitura dispõe milhões para o evento do WCT e não coloca um centavo nos circuitos de base para formação de atletas da cidade. Quem paga os impostos são os cariocas ou os gringos que correm o WCT? Não sou contra o evento, muito pelo contrário, mas acho que poderiam tirar 1/10 do valor dado para a etapa do mundial e valorizar quem luta para melhorar o surf na cidade e no estado. A batalha da FESERJ agora é para tentar reverter esse quadro e melhorar a situação do surf competitivo no estado do Rio, mas sem apoio das marcas que vendem surfwear no estado, das prefeituras locais e do governo do estado, não vai conseguir  nada. É hora de arregaçar as mangas e colocar o Rio de volta no seu lugar de destaque. Tem que ser feito um esforço em conjunto para resgatar as tradições de um estado que já foi forte no cenário nacional e internacional do esporte.

Raoni Monteiro arrebenta com sua RM Wetworks. Foto: Ellis

Raoni Monteiro saiu do WCT e deixou o Rio sem nenhum representante. Foto Ellis

Chutômetro das Ondas 09-01

Sábado dia 10 – Ondas muito pequenas, quase flat. Melhores opções : Prainha e Joatinga

Domingo dia 11- Ondas de meio metro ( melhor a tarde), com ondulação de sul/sudoeste, pouco vento pela manhã e um leste fraco a tarde. Melhores condições : Barra da Tijuca, Prainha e Grumari.

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Foto:Minduim