Chutômetro das Ondas 08-04

Sábado dia 9/04 – Meio a um metro, subindo um pouco a tarde. Ondulação de sudeste e vento oeste fraco pela manhã, passando a sudeste fraco a tarde. Os fundos da Zona Sul estão ruins e o melhor lugar deve ser São Conrado canto esquerdo, que tem sido o lugar mais constante. Na Zona Oeste o Canto do Recreio deve ser uma boa opção. Macumba CCB e Rico Point, Prainha canto esquerdo, e Grumari, também devem ter boas ondas.

Domingo dia 10/04 – Um metro, séries maiores, com ondulação de sudeste e vento nordeste fraco pela manhã, passando a sudeste moderado a tarde. Os fundos da Zona Sul estão ruins e o melhor lugar deve ser São Conrado canto esquerdo. Na Zona Oeste o Canto do Recreio deve ser uma boa opção. Macumba no Rico Point, Prainha canto esquerdo e Grumari, também devem ter boas ondas.

Tendência da água – 21 a 22 graus. (quente)

Video Ezalx

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Xandi explica

Xandi Fontes, responsável pela organização da etapa brasileira do WSL, que será realizada na Barra da Tijuca em maio, responde minha matéria “A Vaga”, me corrigindo e tirando dúvidas em relacão a escolha dos convidados para o Oi Rio Surf Pro. Abaixo sua explicação:

“A regra está atualizada (última atualização início de Março de 2016) e é clara! Artigo 14: Wildcards: 14.01 Segundo o Artigo 14.02, para cada Temporada de Surf em Eventos do CT: (a) 2 (Masculino) / 1 (Feminino) Wildcard(s) devem ser escolhidos pelo Comissariado para a Temporada de Surf (Wildcards de Temporada). Os Wildcards de Temporada receberão pontos durante toda Temporada de Surf; e (b) 2 (Masculino) / 1 (Feminino) Wildcard(s) devem ser escolhidos pelo Comissariado para cada Evento (Wildcard de Evento). Os Wildcards de Evento receberão pontos de CT. 14.02 Todos os Wildcards que competem em Eventos da WSL devem assinar o Contrato dos Surfistas da WSL e estarão sempre sujeitos à aprovação do Comissariado. Explicando melhor: no masculino – Top 32 + 4 convidados = 36 competidores. Dos 4 convidados 2 vagas são dadas pela WSL Internacional para os atletas que não se classificaram por contusão (anual) e as outras duas vagas restantes  são indicadas pelo WSL Commissioner’s Office (Comissariado), o qual não faço parte, para cada evento, ou seja, estas vagas podem trocar de evento para evento! No caso do CT do Brasil uma dessas vagas foi repassada para a WSL South America, que assim como nos anos anteriores, destinou está única vaga para a Federação Estadual de surf – FESERJ, que neste ano decidiu fazer uma triagem local.”

Na explanação acima, Xandi deixa claro que não tem nada a ver com a escolha dos convidados. Nestes meus 35 anos de surf dentro e fora d’água, sei que a política interna age forte para que os interesses de organizadores, patrocinadores e a própria ASP, no caso agora a WSL, vão de acordo com o que seja melhor para eles e, nem sempre, para o esporte em si. Digo que o responsável pela escolha do outro convidado terá, na minha humilde opinião, um ato covarde e sem bom senso se não chamar o atual campeão brasileiro de surf profissional Bino Lopes. A FESERJ pode ter sido corporativista no seu direito de escolha mas está sofrendo as consequências encarando de frente sua decisão. Qua apareça o gênio, ou gênios, que farão o segundo convite, e tal qual a entidade carioca, que de, ou dêem, a cara a tapa.

Como disse antes, o que falta nesta polêmica toda é transparência. Afinal, boa parte do dinheiro que está sendo usado há tanto tempo neste evento vem do meu, do seu, do nosso bolso carioca.

 

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A vaga

Tá dando o que falar a decisão da FESERJ (Federação de Surf do Rio de Janeiro) de fazer uma triagem com 16 surfistas pela sua vaga de convidado na etapa brasileira da WSL, que rola em maio na Barra da Tijuca, ou quem sabe Grumari. Tradicionalmente, e não é de agora, mas sim de algumas décadas, o campeão brasileiro sempre teve o direito de participar do evento de forma direta, salvo uns dois ou três anos atrás, quando Jean da Silva foi obrigado a disputar um trials também.

Entenda como funciona a escolha dos quatro wildcards nos eventos da WSL: Segundo o artigo 14.01 do Livro de Regras da entidade que promove o Circuito Mundial, a própria WSL tem o direito de convidar dois surfistas a sua escolha. As outras duas vagas são do promotor do evento, no caso o catarinense Xandi Fontes. Como a Prefeitura do Rio é uma das fortes apoiadoras, seja com o empenho da Secretaria Municipal de Esportes ou com incentivo fiscal, no caso para a Oi (a Prefeitura por meio de ISS. Não sei se o Estado autorizou o uso de incentivo de ICMS), um destes convites, por acordo, é da FESERJ, por onde é obrigado a sair a verba municipal (não o $$ incentivado). Antes desta polêmica, as duas vagas eram oferecidas ao campeão carioca e ao campeão brasileiro, isso quando o evento era o Alternativa International e depois, na era da promotora Leilane Barros durante os anos de 1997 a 2002, antes do evento ir para Santa Catarina. Pelo que saiu de notícias, Xandi estaria inclinado a convidar o atual campeão mundial Pro Jr Lucas Silveira, que é da Cidade Maravilhosa. Se for assim, fica mais latente a falta de bom senso dos cariocas, já que estariam sendo representados por Lucas, uma ótima escolha por sinal.

O atual campeão brasileiro, o baiano Bino Lopes, questiona a participação dele na triagem. Foto: Abrasp

O atual campeão brasileiro, o baiano Bino Lopes, questiona a participação dele na triagem. Foto: Abrasp

Pois bem, o presidente da Federação, Abilio Fernandes, pressionado pelos surfistas filiados que não queriam perder sua vaga, resolveu ser democrático e deixou a cargo deles a decisão de quem seria o dono do convite. Numa escolha digna do Congresso Nacional, fez-se uma lista, incluindo aí o nome de Bino Lopes, o atual campeão do país e mais 15 atletas, escolhidos pelo ranking carioca de 2013 (??????), melhores colocados fluminenses no Circuito Brasileiro de 2015 e Lucas Chianga e Jerônimo Vargas por suas posições no WQS 2015 (Lucas o 221º e Vargas o 262º) além de um indicado da ASBT (Associacão de Surf da Barra da Tijuca) e outro pela ASAG (Associacão de Surfistas e Amigos de Grumari). Ora, mais corporativismo que isso no nosso esporte, realmente nunca tinha visto.

Sou obrigado a concordar que Abílio teve bom senso em passar a bola para os verdadeiros donos das entidades. É uma pena que eles não consigam entender o quanto é importante seguir uma boa tradição, homenageando o campeão nacional, não interessando de que Estado ele seja, afinal este evento é internacional. Os surfistas cariocas deveriam estar se preocupando em ter um Circuito Estadual Profissional de verdade, cobrando seus dirigentes por uma melhor ação em seus cargos. Quem sabe assim, eles tivessem chances maiores de trazer o caneco da Abrasp para o Estado do Rio e de quebra o direito de disputar este evento tão importante.

O campeão mundial Pro Jr, Lucas Silveira, será um dos convidados do evento. Foto: WSL

O campeão mundial Pro Jr, Lucas Silveira, será um dos convidados do evento. Foto: WSL

É claro que os surfistas daqui têm o direito de escolher seu representante, mas usar como argumento que toda a verba de surf do Município vai para este campeonato me soa como papo de quem não está a fim de realmente tocar o dedo na ferida, que é o completo descaso em relação ao surf carioca. Talvez, a desorganização e pouco comprometimento sejam as causas. O Estado ou Município não tem a menor obrigação de custear etapa do Circuito Mundial ou Estadual. A realidade é que as entidades esportivas ficaram viciadas em se sustentarem com ajuda política e esqueceram de como se faz para correr atrás de patrocínios no setor privado. É difícil, sim, mas não impossível.

Tenho certeza de que vão ter mais vagas em jogo, porque sempre falta gente na etapa daqui. Isso é notório. Creio que a triagem acabará premiando ao menos mais um surfista. E torço para que Bino consiga uma destas vagas. Nestes tempos de Governo e oposição “comprando” votos para conseguirem seus objetivos, o surf do Rio dá um mau exemplo. O pessoal podia passar por cima de ego, dinheiro e continuar prestigiando uma situação idealizada lá pelos anos 80, quando Roberto Perdigão, Arnaldo Spyer, Flávio Boabaid e outros grandes nomes responsáveis pelo Brasil entrar de vez no mundo do surf, fizeram com que o Hang Loose Pro Contest se tranformasse de semente em uma linda árvore, que deu como frutos Gabriel Medina e Adriano de Souza, nossos campeões mundiais.

Só que ficam duas perguntas: Como convidar o campeão carioca se não tem um Circuito no Estado há dois anos? Porque Xandi Fontes não pega a outra vaga da qual tem direito e convida Bino Lopes para ser wildcard?

Por mim, os convidados seriam Lucas e Bino! Sem mais nem menos!

Sim, cavalo paraguaio

Matt Wilkinson venceu as duas primeiras etapas do Tour, feito que poucos surfistas tiveram o êxito e a sorte de conseguir. Lidera o WSL com uma folga e tanto, é verdade! Quebrou a bolsa de apostas de praticamente o planeta do surf todo (nem seu técnico Glenn Hall apostou nele, rs)! Mas daí a achar que será campeão do mundo já é outra história. Diz meu amigo e shaper Cláudio Valle que ninguém tem bola de cristal, mas não me permito achar que um cara mediano como “Wilkso” seja o virtual dono do caneco desta temporada.

Pra início de conversa, não foi nem de perto o melhor surfista em Snappers e Bell’s. Passou as baterias surfando o de sempre, encaixando alguns adversários mais fracos e contando ainda com alguns empurrões do destino como a contusão de Filipe Toledo na Gold Coast e a prancha partida de Mick Fanning, que parecia imbatível em Bell’s, no Round 5. Muitos falam em performances incríveis de Stu Kennedy e Jordy Smith na primeira e segunda etapas respectivamente mas tanto Toledo quanto Fanning, eram pra mim os bicho papões e com pedigree de campeões. Ambos seriam rivais bem mais complicados do que foram Kolohe Andino e Jordy nas finais. Ou seja, imprevistos (ou sorte) fazem parte do jogo.

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Não acredito que Matt vá repetir o feito de Curren e Slater vencendo as três primeiras etapas do Tour. Margaret River é uma onda pesada, tubular e mais a feição para caras como JJF, Parko e Kelly. Com as opções de The Box e North Point, duas direitas quadradas, acho bem complicado qualquer goofy vencer este evento, ganho apenas por Occy e Tom Carroll, os dois backsides mais potentes da história do surf mundial.

Como Wilko não tem um histórico muito bom em ondas como Fiji, Teahupoo e Pipeline, diria que apenas J-Bay seria um pico onde ele poderia tornar a vencer. De qualquer forma, duas vitórias, algumas semifinais e um tanto de quartas podem lhe dar a consistência necessária para levar o caneco, assim como Adriano de Souza o fez em 2015. Ainda tem que contar com os tropeços dos reais favoritos como Medina, Toledo, Florence e Parkinson, que ao meu ver, são caras que certamente vão fazer finais neste ano.

Creio que será mais uma temporada equilibrada, onde a decisão deve acontecer no Hawaii, na última etapa. A favor de Matt, a comprovada capacidade de seu coach Glenn Hall, um surfista mediano, mas muito inteligente, que está sabendo conduzir seu pupilo a um nível de concentração elogiável, visto que o aussie soube exatamente o que fazer para virar baterias ou manter-se na frente usando com destreza a prioridade, o que poucos Top sabem fazer. A sorte acompanha quem trabalha e a dupla Wilkinson/Hall é quem mais está suando nestes 30 dias iniciais de Circuito.

Como penso que o talento, na maioria das vezes, supera o esforço, continuo apostando minhas fichas numa vitória de um cara menos surpreendente. Não fosse a contusão de Filipinho, o tirando de duas etapas, diria que o garoto era a bola da vez. Não fosse a falta de sintonia de Medina com seu equipamento na perna australiana, apostaria cegamente nele. Não fosse a idiotice de Florence de perder duas bateria ganhas nos minutos finais para Stuart Kennedy (na Gold Coast) e Caio Ibelli (em Bell’s), onde tinha a prioridade e a perdeu bobamente, cravaria seu nome no topo. Como o “se” não é o “foi”, Matt Wilksinson lidera a WSL com 100% de aproveitamento, numa mistura de aplicação, competência e porque não dizer, acaso. Cabem aos bambambãs mostrar serviço e fazer virar realidade o favoritismo. Enquanto isso, o” espantalho aussie” saboreia a camisa amarela, que tem muito mais cara de preta e branca listrada. Se ele será o cavalo que desponta na frente mas sucumbe no final, só o tempo dirá. Mas minha aposta é que este cavalo tá mais pra paraguaio do que para um puro sangue inglês.

Wilko teve estrela na escolha de onda em bells. Foto: WSL

Wilko teve estrela na escolha de onda em bells. Foto: WSL

De Olho no Tour – Cavalo paraguaio?

Será Matt Wilkinson um cavalo paraguaio? O australiano começou o ano surpreendendo o mundo e venceu todas as competições que disputou: duas etapas do CT e uma do QS de nível 6000. Todas na Austrália.
Esse é o assunto principal do novo episódio do programa “De Olho no Tour”, que tem a apresentação de Carlos Matias e os comentários de Marcelo Andrade.
A atuação dos brasileiros, o que esperar dos nossos campeões mundiais para o resto do ano, o excelente início de alguns novatos, a vitória de Courtney Conlogue entre as meninas, a polêmica triagem do CT Rio e a próxima etapa que acontece em Margaret River a partir do próximo dia 8 (início do dia 7, próxima quinta no Brasil) são os outros temas do programa.