Chutômetro das Ondas 30-04

Sexta dia 1/05 – Ondas com aproximadamente 1,5 m a 2,0 m, ondulação de sul e vento sudoeste fraco pela manhã aumentando a tarde. Melhores condições : Grumari canto direito e Canto do Recreio.

Sábado dia 2/05 – Ondas com aproximadamente 1,0 m a 1,5 m, ondulação de sudeste e vento nordeste fraco pela manhã passando para leste forte a tarde. Melhores condições : Arpoador e Macumba.

Domingo dia 3/05 – Ondas com aproximadamente 1,0 m a 1,5 m, ondulação de sudeste e vento nordeste forte ao longo do dia. Melhores condições : Arpoador e Macumba.

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Bruno Santos
Foto: Minduim

Teatro chamado São Conrado

Hoje, 28 de abril, duas semanas antes da etapa brasileira da WSL, saiu em diversos sites a notícia de que o canto esquerdo da praia de São Conrado não seria mais um palanque alternativo do Oi Rio Pro. Eu, como carioca, nem imaginava que os promotores do evento, que são catarinenses, tivessem escolhido este pico, de ondas muito boas, como um possível local para os melhores surfistas do planeta de apresentarem. O motivo é simples: qualquer pessoa que passe por ali verá que não dá para ter nem campeonato de frescobol na areia imunda, cheia de línguas negras de poluição, quanto mais um evento internacional do porte do Circuito Mundial. Não sei se foi desconhecimento ou apenas um jogo político, afinal a Prefeitura do Rio dá uma bela verba para a realizacão do evento, mas o fato é que há anos aquele local está abandonado pelas autoridades, tanto municipal quanto estadual. Uma VERGONHA!

Para os que não são do Rio, São Conrado já foi um bairro hiper chique da Cidade Maravilhosa, com casas e condomínios da fina flor carioca. Com o crescimento das favelas da Rocinha e Vidigal, o que se vê hoje é o completo descaso das autoridades em relação a esta belíssima praia, palco do início do vôo livre no país (no Pepino, canto direito) e de excelentes ondas, fortes, tubulares e fotogênicas devido a curta distância para a areia. Ou seja, a idéia de tentar fazer um grande campeonato de surf ali é demais, só faltava combinar com o prefeito e o governador.

Fico pensando o seguinte: se o Estado e a Prefeitura não estão nem aí para a Baía de Guanabara com tudo que você possa imaginar boiando, palco (já tenho minhas dúvidas) do iatismo nas Olimpíadas ano que vem, imagine uma simples praia, frequentada por gente humilde que talvez nem pague IPTU. Ninguém com um conhecimento básico do litoral da cidade acreditaria na tentativa de se fazer um Coco Pro por lá. E olha que até o Postinho, local do palanque principal, dependendo das chuvas e ondulacão, tem seus dias de privada.

O pior é ler depois no Globoesporte.com que obras de um projeto de despoluição chamado “Sena Limpa” em São Conrado (que nome é esse????) visando modernizar o sistema de esgoto sanitário da Bacia de São Conrado serão finalizadas até o primeiro trimestre de 2016. É melhor rir pra não chorar. Desculpe minha incredulidade, mas eu DUVIDO que isso aconteça. Perdi a fé em qualquer coisa ligada a estes políticos. No máximo, creio que darão um jeito, talvez até ano que vem se o evento ainda for no Rio, com uma solucão temporária, pra enganar a imprensa e jogar a bola pro próximo governante. Quero muito queimar minha língua, ou melhor, meu teclado, mas penso que todos (organizadores e autoridades) perderam uma boa oportunidade de resolver um problema que aflige a populacão, principalmente de São Conrado. Se os promotores estiverem realmente a fim de que o canto esquerdo esteja apto em 2016, devem cobrar os responsáveis desde já, pois os canudos oriundos de um bom swell de leste iria deixar os Top malucos com tantos tubos nos triângulos do pico. Precisamos de ação e não ensaio!

 

As condições da água impediram a realização da etapa do mundial de surf em São Conrado. Foto: Globo.com

As condições da água impediram a realização da etapa do mundial de surf em São Conrado. Foto: Globo.com

 

Chutômetro das ondas 24-04

Sábado dia 25/04 – Aproximadamente 1 metro, com ondulação de sudeste/sul, e vento sudoeste forte ao longo do dia. Melhores condições nos locais protegidos pelo vento sudoeste, que são : Canto direito de Grumari, Canto direito da Prainha, Canto do Recreio, Pontão do Leblon, Praia do Diabo.
Domingo dia 26/04 – Aproximadamente 1 metro, com ondulação de sul, e vento sudoeste ao longo do dia, diminuindo a tarde. Melhores condições nos locais protegidos pelo vento sudoeste, que são : Canto direito de Grumari, Canto direito da Prainha, Canto do Recreio, Pontão do Leblon, Praia do Diabo

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Foto: Clark Little

Exterminador

Sim, o título acima é como Adriano de Souza está sendo chamado na Austrália. Três eventos, duas finais, uma vitória, a liderança do Circuito Mundial de Surf. A perseverança, a consistência, a frieza e a capacidade de passar por cima dos dois melhores surfistas de Margaret River até então, Slater e Florence, não deixam dúvidas que 1/4 do caminho foi percorrido com sucesso.

Ainda é muito cedo para cravar alguma coisa sobre o título mundial (aliás, era cedo ano passado, nesta mesma época, no caso com Medina, e vimos o que aconteceu em dezembro, no Hawaii). Mineiro tem experiência, tem equipamento, tem esforço, faltava a sequência. E com a complicada perna australiana finalizada, sai do país dos cangurus com uma bela vantagem, que pode ser ampliada em casa, no Brasil, daqui a alguns dias.

Mesmo com tamanha vantagem, acho que este ano o Tour será ainda mais equilibrado. Fanning está em forma, Kelly parece que achou pranchas que realmente o façam equilibrar o jogo contra os jovens e John John, bem, JJF vai aos poucos acendendo o fogo que todos sabem ser poderoso mas que ainda solta apenas algumas faíscas. Sem contar Filipe Toledo, Julian Wilson e o defensor do caneco Gabriel Medina. Enfim, faltam oito etapas e a regularidade, aliada a duas ou três vitórias, definirão o número um no final do ano.

Após o Rio de Janeiro, teremos Fiji, J-Bay e Teahupoo, todas ondas difíceis mesmo sendo tão perfeitas. O retrospecto de Adriano é bom na direitas da África, apesar do brasileiro já ter feito semi em Cloudbreak e ser sólido em Teahupoo. O problema são seus adversários, que já venceram nestes picos, alguns várias vezes. Por isso foi extremamente importante esta diferença de 7550 pontos que Mineiro colocou entre ele e Mick Fanning, o atual segundo do ranking.

Adriano de Souza assumiu a liderança do CT com 7550 pontos de vantagem. Foto: WSL/Kelly Cestari

Adriano de Souza assumiu a liderança do CT com 7550 pontos de vantagem. Foto: WSL/Kelly Cestari

Historicamente, Mineiro nestes 10 anos de Circuito, sempre teve uma boa performance no início da temporada. Seu problema sempre foi manter o rip no resto do ano. Este será seu maior desafio. Creio que a vitória de Medina em 2014 mexeu com seus brios. Não digo que seja inveja. Longe disso. Penso que agora, de verdade, ele sente que pode vencer. Acho que seu discurso de chegar ao tão sonhado título mundial, antes de GM, era um mantra e não uma certeza. Após Medina quebrar esta barreira, ele parece que transformou o discurso em objetivo real e atingível, esbanjando confiança e humildade, sabendo de suas limitações, apostando na consistência e tática.

Mineiro não é impressionante como Medina. Não é versátil como Fanning, nem genial como Kelly e muito menos inovador como Florence e Toledo. Mas tem o coração gigante e a enorme capacidade de nunca desistir. Não tira 10, mas tira sempre dois 8. Talvez não seja o preferido do público, ansioso por show, mas é um dos mais temidos pelos rivais, que no fim de tudo é o que importa. Adriano mete medo não porque assombra mas sim porque nunca é assombrado. Ele é uma máquina. Ele está obcecado. Ele acredita. Ele pode. Ele vai? Quem sabe? O mais importante é o presente, e agora, ele é o Cara! Aproveita Mineiro! Você merece!

Na final Adriano não errou nenhuma manobra. Foto:WSL/Kelly Cestari

Na final Adriano não errou nenhuma manobra. Foto:WSL/Kelly Cestari

Chutômetro das ondas 17-04

— Sábado dia 18 – Um metro na parte da manhã, subindo até um metro e meio na parte da tarde. Ondulação de sul, e vento nordeste de manhã passando para leste a tarde. Melhores condições ; Arpoador, SC canto esquerdo, e Macumba.

Domingo dia 19 – Um metro e meio na parte da manhã baixando até um metrão na parte da tarde. Ondulação de sudeste, com vento norte de manhã passando para sudeste a tarde. Melhores condições ; Arpoador, SC canto esquerdo, e Canto do Recreio.

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Foto arquivo pessoal: Matheus S Couto

Valeu ESPN

Desde sempre amo ver surf na TV. Apesar de ficar com sono uns 15 minutos depois de começar a ver um DVD (talvez por saber que posso dar um pause e assistir depois), sou louco por imagens de ação na telinha, ainda mais com as novas TVs grandes de HD. Um luxo!

Lembro bem a primeira vez que assisti surf do Circuito Mundial na TV aberta. Foi em março de 1986, no Jornal da Globo, que anunciava o bicampeonato mundial de Tom Curren ao vencer a semifinal do Rip Curl Pro Bell´s numa das melhores baterias da história do Tour contra Mark Occhilupo. Aqueles segundos me deixaram cheios de ansiedade. Foi difícil pegar no sono.

Poucos anos depois estava eu trabalhando como editor do programa Realce e Vibração Surf, tendo acesso a inúmeras imagens de todos os cantos do planeta captadas com muito esforço e dedicação pela galera da Unigraf (produtora dos programas na época). Meu amor pelo surf digital ficou ainda maior e o sonho de que algum dia uma emissora tivesse o peito de arriscar uma transmissão ao vivo de uma etapa inteira do Circuito Mundial parecia cada vez mais perto tamanho o crescimento da tecnologia e da própria ASP.

O ápice, e isso puxando lá do final de minha memória (se não estiver enganado), foi em 1997, quando depois de muita pressão por parte de Ricardo Bocão e Antonio Ricardo, o SporTV resolveu passar ao vivo o dia final do Kaiser Summer Pro Festival. Eu trabalhava como assessor de imprensa do evento pela Exclusive e vi bem de perto toda a infra montada para o sinal ficar aquelas 8 horas direto mostrando a etapa brasileiro do WCT para milhares de pessoas (naquela época a audiência da TV a cabo era bem pequena). Deu tudo certo, as ondas contribuíram e Kelly Slater levou numa final íncrivel contra Occy. Inesquecível! Depois disso, outros eventos em águas nacionais tiveram o privilégio de serem transmitidos ao vivo, a maioria deles campeonatos do Tour. A transmissão via internet bolada e concretizada por Mano Ziul, Celso Alves e Alexandre Cury estava em franca evolução tecnológica o que abria uma série de opções a curto prazo para facilitar a vida dos fãs de Kelly e Cia, inclusive como base para futuros links às redes de TV. Só faltava mesmo a transmissão via TV de uma etapa internacional.

E a ESPN Brasil viabilizou isso na última semana, antes da Páscoa. Pela primeira vez na telinha brasileira, uma etapa fora do país era transmitida ao vivo, em quase 100% de suas baterias. E não podia ser num momento melhor, com vários brasileiros em destaque e como palco o mais tradicional campeonato de surf do mundo. o Rip Curl Pro em Bell´s Beach. Não me interessa se você ou alguém gostou ou não do trio Thiago Brant, Renan Rocha e Edinho Leite. Isso, para mim, não tem a menor importância diante do fato que eu pude assistir, em HD, na minha TV, para a irritação de minha esposa, rounds e mais rounds do melhor surf que existe. Não teve aquele negócio de usar cabo HDMI e plugar no meu macbook pro. Não teve problema de link e pause. Foi apenas ligar minha TV no canal 572 e me deliciar com Fanning, Mineiro, Jordy, Filipinho e todos os outros quebrando as direitas de Bell´s. Fiquei com a alma lavada. Principalmente porque sei da enorme dificuldade de um canal tomar esta atitude. Foi uma aposta de gente que realmente se preocupa com o esporte. E preferências a parte, não dá para dizer que o grupo ESPN se esquece dos esportes em geral, principalmente os menos populares.

Com certeza o Efeito Medina contribuiu para esta transmissão. E também para que a Globosat (dona dos canais Multishow, SporTV, Off, Telecines, etc…) acertasse no dia 7 de abril a compra dos direitos de transmissão do WCT 2015 segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo. Se isso vai rolar e a ESPN vai perder o produto para sua rival não é sabido, ao menos não foi divulgado. Mas espera-se que, caso a programadora da Globopar resolva realmente se embrenhar no surf profissional, o faça com o mesmo sentimento que sua concorrente fez nos últimos anos, com respeito. O mínimo que o telespectador aficionado nos eventos da WSL quer é que as pessoas que por sua vez forem trabalhar no projeto entendam do assunto. Podemos criticar e elogiar ex-atletas e jornalistas por nos agradarem ou não, mas não podemos perdoar a falta de comprometimento com um esporte amado por tantos e que por isso merece gente do ramo para não disparar bobagens a La Galvão.

Enquanto não se confirma quem será a transmissora oficial do WCT na telinha, ou até ambas, eu gostaria de parabenizar a todos os profissionais e principalmente ao Renan, Edinho e os editores e diretores dos esportes radicais da ESPN no Brasil pela ousadia e respeito com que nos mostram, há bastante tempo, o máximo possível do Tour. Não é mole dobrar uma empresa grande de mídia eletrônica sem muito investimento e publicidade. Só com muita vontade, visão e amor! E para mim não faltou isso a esta galera. Parabéns e obrigado ESPN por concretizar meu sonho!

 

Edinho Leite, Tiago Brant e Renan Rocha, transmitiram quase todo o evento de Bell's no canal ESPN.

Edinho Leite, Tiago Brant e Renan Rocha, transmitiram quase todo o evento de Bell’s no canal ESPN.

 

Hells Bells

Assisitir a uma etapa do WCT pela televisão não tem preço. Gostei bastante de ver meus amigos Renan Rocha, Edinho Leite e Tiago Brant, fazendo a transmissão do evento praticamente de cabo a rabo. Na minha opinião, achei o trabalho da ESPN muito bem feito, mas sei que os críticos de plantão estão ai para criticar, sempre. Não estou aqui para analisar se gostaram ou não da transmissão e sim falar do evento. Supersticioso que sou, acho que a mudança de nome da entidade para WSL não deu muita sorte, no quesito onda, para os eventos do tour. Snapper Rocks não quebrou clássico e Bell’s teve poucos momentos de ondas boas. Não queria ser o Kieren Perrow nestes momentos.

Na primeira fase já podemos entender porque Bell’s é uma onda meio ingrata para os Goofies. Para explicar melhor o que digo, o último campeão foi Mark Occhilupo, em 1998.  Apenas três atletas com esse posicionamento na prancha chegaram ao terceiro round sem a repescagem . Gabriel Medina surfou contra um Matt Bating sem pressão e com um convidado sem condições técnicas de participar de um evento desse porte, o local J. Van Dijk.  Nat Young foi outro que conseguiu passar direto para o terceiro round. Vice em 2013, o americano de Santa Cruz foi superior a Michel Bourez e Dusty Payne. Sua onda local, Steamer Lane, tem muitas semelhanças com Bell’s . O terceiro classificado foi um dos melhores surfistas de backside do tour, o australiano Owen Wright, que bateu os brazucas Jadson André e Filipe Toledo. Não foi coincidência os três serem os goofies mais bem colocados na competição. Da respescagem se salvaram Matt Wilkinson, Fred Patacchia e Jadson André, todos batendo adversários goofies como eles.

O terceiro round começou sem a presença de três brasileiros. Italo Ferreira, Wiggoly Dantas e Miguel Pupo, que tiveram bons resultados na primeira etapa, deram adeus a competição na segunda fase. Continuamos nossa campanha com boas possibilidades, pois Adriano de Souza e Filipe Toledo estavam impressionando os juízes com suas performances. Bateram Adam Melling e Sebastian Zietz, respectivamente. Gabriel Medina, o atual campeão mundial, seguia acreditando que sua reabilitação da etapa da Gold Coast viria nesta etapa. Depois de um começo desastroso em Snapper, Medina tinha que provar que foi apenas um descuido a derrota para Glen Hall. Venceu outro convidado, Mason Ho, mas sem repetir as exibições de 2014. Parece que a derrota na primeira etapa o deixaram um pouco inseguro. Ao contrário de Medina, Jadson mostrava muita confiança para derrotar um dos favoritos do evento Taj Burrow. Com muita raça e determinação, o potiguar fez uma escolha de ondas primorosa, e não deu chances ao azar.

Adriano de Souza foi nosso melhor representante na etapa, terminando com a segunda colocação. Foto: WSL

Adriano de Souza foi nosso melhor representante na etapa, terminando com a segunda colocação. Foto: WSL

No round 4, mas conhecido como no loser, Adriano de Souza e Filipinho Toledo continuaram arrepiando e seguiram direto para as quartas. Os dois estão acreditando muito no título em 2015, e com os bons resultados nos dois primeiros eventos do ano, certamente vão ficar na disputa até o final. A confiança de Filipe e a determinação de Adriano são suas maiores armas. Gabriel Medina, novamente surfando abaixo de sua capacidade,  ficou em terceiro na bateria vencida por Owen Wright. Jadson não repetiu a atuação contra Taj e foi para mais uma repescagem. Dos dois brasileiros no round 5, apenas Medina seguiu para as quartas. Venceu o americano Kelly Slater numa bateria bem disputada, mas de poucas emoções. Precisou apenas de uma onda com três manobras para vencer o pouco inspirado Slater. O mar não estava ajudando muito, com ondas irregulares e espectáculo sofrível.  Jadson parecia mais adaptado naquelas condições do que Mick Fanning, mas a maneira como o australiano usa a borda, mesmo nas ondas deformadas, mostra que ele é outro grande candidato a disputar mais um título. Impressionante a velocidade e pressão que coloca no bowl de Bells.

As quartas começaram com um confronto brasileiro entre Adriano de Souza e Gabriel Medina. Pelo que apresentaram durante a competição, deu a lógica, com vitória de Mineirinho. Gabriel parecia preocupado em resolver logo a disputa e escolheu mal suas ondas. O mar estava muito ruim, mas com calma e bom posicionamento, Adriano mostrou uma tranquilidade necessária para vencer a bateria em 10 minutos. Nosso outro representante nas quartas, Filipe Toledo, caiu diante do competitivo Nat Young. Filipinho precisa conter a ansiedade em momentos de pressão. Seu surf está acima da média e só falta um pouco de maturidade para não sair mais do topo. É um surfista com um potencial imenso, com todas as possibilidades de chegar ao título mundial. Nesta fase rolou uma das melhores baterias do evento, entre Mick Fanning e Jordy Smith. Confesso que torcia para Jordy, mas Mick Fanning tem o surf muito encaixado neste tipo de onda. Usa muito a borda e os espaços da onda, variando as manobras o tempo todo, com velocidade e pressão. Bateria de gigantes, vencida pelo Autraliano. O Quarto classificado foi Josh Kerr, que foi longe demais pelo o surf que apresentou.

As semis começaram com a expectativa de uma final entre Adriano de Souza e Mick Fanning. Adriano passou fácil por Josh Kerr e Mick Fanning encarou um adversário extremamente competitivo e seletivo na escolha das ondas. Mesmo dando uma durinha, Nat Young não barrou o favoritismo de Mick Fanning. Restava agora conhecermos o campeão, que sairia da disputa do campeão de Bells de 2014 Mick Fanning, contra o de 2013 Adriano de Souza. Prato cheio para quem estava assistindo ao vivo e a cores. Numa batalha extremamente disputada, os campeões das edições anteriores empataram. Dentro da subjetividade do julgamento de nosso esporte fica a dúvida entre o base e lip muito bem executado por Mineirinho e a pressão e versatilidade de Mick Fanning. Confesso que na hora não consegui definir bem se o julgamento foi justo ou não, mas depois de analisar várias vezes as imagens fiquei com uma leve sensação que Mick merecia a vitória. Independente do que acho, respeito muito quem tem a opinião contrária a minha. Muitos falaram nas redes sociais que Mick Fanning é australiano e patrocinado pelo patrocinador do evento. Sinceramente, não acredito nisso. Acho que ele foi o melhor surfista do evento, e chegou ao seu quarto título nessa praia com méritos.

Mick Fanning surfou com muita velocidade e pressão, conquistando o seu quarto título em Bell's. Foto: WSL

Mick Fanning surfou com muita velocidade e pressão para conquistar o seu quarto título em Bell’s. Foto: WSL

O feminino terminou ontem e pela terceira vez consecutiva Carissa Moore levou o sino para casa. Desta vez superou a australiana Stephanie Gilmore, atual campeã mundial, com seis títulos em sua carreira. Acredito que a disputa do tour 2015 ficará entre as duas,  mas Tyler Wright e Sally Fitzgibbons podem impedir que isso aconteça. Silvana Lima terminou na nona colocação. Está surfando muito, mas quando bate de frente com a melhores do circuito não consegue superá-las. Ainda acredito que possa chegar junto do grupo das quatro que citei anteriormente.

Margareth River começa semana que vem e a previsão é de ondas grandes e volumosas. Torço para que os brasileiros estejam preparados para essas condições. Sair da Austrália com bons resultados é fundamental para o resto do tour, ainda mais tendo o Brasil como quarta etapa.

Carissa Moore conquistou seu terceiro título consecutivo em Bell's. Foto : WSL

Carissa Moore conquistou seu terceiro título consecutivo em Bell’s. Foto : WSL

 

Chutômetro das Ondas 10-04

Sábado dia 11 – Aproximadamente 1 metro, com ondulação de sul e vento leste moderado. Melhores condições: Macumba, Prainha e Grumari

Domingo dia 12 – Meio metro series maiores, ondulação de sudeste e vento terral pela manhã e sul fraco a tarde. Melhores condições: São Conrado canto esquerdo, Barra na altura do posto 8, Prainha e Grumari.

Video: Ezalx Riosurfcheck

Foto: Matheus S Couto

Foto: Matheus S Couto

Será que deu Empate ?

Realmente foi muito disputada a final de Bells entre Mick Fanning e Adriano de Souza, mas dar empate deixa um sentimento de frustração para os amantes do esporte, principalmente para os que torceram pela vitória de Adriano. Mick Fanning usa muito a borda e ocupa o espaço da onda como a regra pede, mas Adriano fez um surf forte de base e lip que merece muito respeito. A subjetividade do julgamento permite isso acontecer, mas será que os juizes acertaram ?