REVOLUCAO NO MUNDO DO SURF

O  SHAPER CATARINENSE MARIO FERMINIO TEM 38 ANOS DE MUITA HISTÓRIA NA FABRICAÇÃO DE PRANCHAS, PENSANDO EM ALGO SUSTENTÁVEL, SEM POLUIÇÃO.
EM 1985 COMEÇOU A FAZER PRANCHAS DE POLIURETANO, MAS FOI EM 1989, QUANDO FEZ UMA VIAGEM PARA FRANÇA, QUE ELE CONHECEU A TECNOLOGIA EPÓXI. NESSA ÉPOCA MORAVA EM LAGUNA, EM 1995 FOI MORAR NO GUARUJÁ.
EM 2006 VOLTOU PARA O SUL PARA DESENVOLVER UMA PRANCHA LIMPA, SEM POLUIÇÃO. O PROCESSO DE FABRICAÇÃO UTILIZAVA PROCESSOS ECOLÓGICOS E TODO LIXO ERA RECICLADO NA FÁBRICA.
SUA BUSCA PASSOU A SER ALGO TOTALMENTE SUSTENTÁVEL, SEM POLUIÇÃO NENHUMA PARA O MEIO AMBIENTE. 
AGORA ELE FINALMENTE CHEGOU AO SEU OBJETIVO, E É ISSO QUE VAI EXPLICAR NESTA MATÉRIA.
Hoje estamos vendo muitas fábricas pelo mundo adotando a prancha de epóxi por ser menos poluente. Realmente comparando com PU e resina poliester ela é mesmo, mas até onde essa prancha é menos poluente?
Um dos compostos da resina epoxi é o Bisfenol A.  Eu não sabia dessa química, mas que é a grande vilã dos plásticos pelo mundo. Muitas pessoas não sabem disso, mas o plástico não é só perigoso para os animais marinhos ao consumi-los, tem essa química também.
Minha busca é por uma prancha feita com resina vegetal, que fique leve, forte, e bem acabada. Algo que não tenha necessidade de  química envolvida, e onde vc possa laminar sem ter gazes tóxicos. Lixar e não ter poeiras tóxicas, o que é fantástico
A minha descoberta foi por uma necessidade dentro de um processo de reciclagem da madeira de cacharia da construção civil que inventei. Conheci uma arquiteta do Rio de Janeiro que trabalha em uma linha de produtos saudáveis, em casa e móveis, e como minha impermeabilização na reciclagem da madeira faço com epóxi, houve um certo medo em  usar meu produto. Foi ai que comecei a procurar resina vegetal.
Encontrei muitas empresas já produzindo, mas ninguém ainda tinha feito nenhum trabalho com prancha de surf. Testei algumas,  apostei em uma, e comecei a fazer não somente testes, mas aplicar produtos para estabiliza-la.  Encontrei a resina que estou usando, que tem um aditivo para estabiliza-la.
Comecei com pequenos testes, onde encontrei uma resina totalmente temperamental, instável e louca. Fui testando até achar um caminho que sinto estar correto.Isso me deu uma esperança pois para voltar a fazer prancha só com essa grande mudança. Será a segunda vez que dou inicio a uma mudança de material em um esporte muito poluente.
Essa resina vegetal não é mais forte que epóxi, mas sempre notei que a prancha é uma combinação de materiais. Continuo usando um bloco de isopor que desenvolvi desde 89,  colocado de uma maneira que deixa minhas pranchas mais forte, junto com uma combinação de fibras e a maneira correta de aplica-las, aumentando a resistência nos pontos certos, com uma resina que consegue deixa-la com mais liga e estável, deixando assim uma prancha muito resistente e leve.
Essa resina é muito parecida com a epóxi, só o tempo de cura que muda, em torno de 30 dias. Para alguém conseguir estabilizar ou até mesmo fazer uma prancha utilizando resina vegetal, o fundamental é entender muito do bloco a ser utilizado, os tecidos certos, e conseguir a resina correta. Tive na verdade muita sorte em achar a resina correta para usar em prancha de surf.
Devo ter feito em torno de 10 mil pranchas em epóxi. Essa experiência de sempre fazer uma análise do produto final está sendo muito importante agora. Nunca imaginei achar uma resina tão importante para substituir as atuais, poliester e epóxi. É um passo gigante em direção a sustentabilidade.
Essa resina dá para laminar tudo.  Prancha de surf, kite, sup, windsurf. Porém, me preocupa o fato dessa resina ser extremamente delicada, não podendo em hipótese alguma haver erros no bloco e no tecido.  Muita gente erra na prancha de epóxi.
Quanto ao funcionamento, ela fica muito parecida com prancha de poliuretano. Por mais que esteja sendo usando EPS, ela não tem nada a ver com epóxi. Acho incrível, pois nos coloca em outras possibilidades, novos designs. Isso é mágico, e se levou 30 anos para as pranchas de epóxi ter seu espaço. Imagino que essa deva levar muito mais tempo, pois falta consciência nesse meio da competição no WSL. Eles não sabem o que é TDI, MEK, ESTIRENO, BISFENOL A, pois se soubessem mais sobre essas químicas, abririam mais suas mentes para pranchas não poluentes. Isso é triste.
Hoje minha proposta é a prancha folha, pois vai ser sempre da cor verde, a cor da ecologia. Porque verde é vida.
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Meu Amigo Alexandre Gontijo

Por Felipe Zobaran

Conheci Alexandre Gontijo no fim dos anos 80. Ele tinha uma coluna de novidades no jornal Now, especializado em surf, onde eu trabalhava. Era tarefa minha decifrar os garranchos no papel sempre amassado em que ele entregava seu texto. Sentávamos juntos para organizar todos aqueles assuntos que ele compilava. A coluna se chamava Nowvidades e era um mosaico sobre o mundo
do surf.

Alexandre tinha menos de vinte anos. Eu não fazia a menor ideia de como ele conseguia todas aquelas informações. Sabia apenas que ele arranjara uma espécie de acordo com um dos poucos jornaleiros de Ipanema que vendiam revistas estrangeiras e lia praticamente a banca toda, devolvendo as revistas depois para serem propriamente vendidas.

Alexandre fazia mais do que compilar. Comentava, acrescentava, comparava, contextualizava tudo que fosse relacionado ao surf. Numa linha da coluna, contava que Denílson, surfista do arpoador, era o novo ponta esquerda dos júniores do Bonsucesso. Noutra, lamentava que os surfistas amadores cariocas tivessem depredado o ônibus do patrocinador.

Fiscalizava tudo que saísse na imprensa estrangeira sobre o Brasil. Gostava de bater quando lia besteira. Quando uma revista francesa publicou um artigo sobre o Brasil, Alexandre escreveu que “o texto mostra mentiras enormes como algumas que estão citadas abaixo: 1- Aqui no Brasil tem áreas reservadas para favelados pegar onda; 2- Não precisa respeitar as mulheres; 3- Você dá
dinheiro ao guarda para poder surfar; 4- A Bahia não passa de uma grande lagoa”. A gente ria.

Anos depois, Alexandre ficou bastante famoso nos círculos do jornalismo esportivo por essas mesmas características, só que agora o assunto era futebol. Grandes nomes da imprensa nacional e muitos correspondentes internacionais admiravam e respeitavam seus conhecimentos e a generosidade em compartilhar sem pedir nada em troca além de amizade.

Grande, desengonçado, cabeça enfiada nos ombros, zero de pescoço, chamava a atenção em qualquer lugar. Os olhos apertados e o sorriso sempre engatado. Gostava de crianças e animais. Tinha uma aura de pureza, uma fragilidade óbvia. Gaguejava, mas não era tímido. Sabia chegar devagar, ouvir longamente, mas não deixava de dar opinião. Era quando brilhava.

A inteligência do Alexandre era acima de tudo cordial. Servia para que ele se conectasse aos amigos. Era também uma inteligência enciclopédica, bem-
humorada e generosa. Sempre pronta para dois dedos de prosa. Dois anos atrás voltei a morar no Rio e passei a novamente encontrá-lo com frequência pelas
ruas de Ipanema, incrivelmente descalço, com um livro ou uma revista embaixo do braço. Todas as vezes ele parou e conversou sem pressa comigo.

Esse espírito carioca era o Alexandre. Amizade, surf e futebol. Praia e Maracanã. Ele não surfava. Adorava jogar bola. Jogava mal, dava até umas caneladas nos adversários que pretendessem vazar sua defesa. Mesmo assim foi o craque mais querido do Moreirão, campinho na Gávea onde encontrava seus melhores amigos e era feliz.

Sei que hoje, e ainda durante um bom tempo, vou andar aqui por Ipanema com a certeza de esbarrar por acaso com o Alexandre ao virar uma esquina qualquer. Vamos trocar informações sobre surf, futebol e, principalmente, sobre os amigos presentes e sobre os que não temos visto. Ele vai se sacudir de tanto rir quando eu contar uma fofoca daquelas que ele adora. Vou me despedir e
seguir meu caminho, feliz da vida por ter tido a sorte de encontrar meu amigo inteligente, carinhoso e engraçado.

Alexandre morreu na véspera da final da Copa do Mundo, aos 48 anos, de um ataque fulminante do coração. Vai fazer falta para mim e para muita gente.

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De Olho no Tour #84 – Bicampeão Filipe Toledo alegra a galera! WSL irrita a audiência

Filipinho confirmou o favoritismo em Jeffreys Bay e mandou bem; já a WSL deixou a galera furiosa com os vários problemas na transmissão

A segunda vitória de Filipe Toledo no CT das direitas perfeitas de Jeffreys Bay, na África do Sul, é o tema principal do episódio #84 do programa De Olho no Tour.

As atuações que mais chamaram a atenção dos especialistas em Surf Marcelo Andrade e Marcelo Boscoli também estão no cardápio de assuntos, assim como a opinião sobre o julgamento, o backside de Gabriel Medina, a fase de Adriano de Souza e a dificuldade que a galera do mundo inteiro teve para assistir ao evento pela internet.

Está no ar o episódio #84 do programa De Olho no Tour. A apresentação é do jornalista Carlos Matias.

Imagens Carlos Matias e WSL

Edição Carlos Matias