Chutometro das Ondas 28-08

Sábado dia 29/08 – Um metro, séries maiores, com ondulação de sudeste/sul, e vento nordeste fraco pela manhã, passando a leste forte a tarde. Melhores condições : Arpoador, São Conrado canto esquerdo, Canto do Recreio e Grumari.

Domingo dia 30/08 – Um metro, séries maiores, com ondulação de sudeste/sul, e vento nordeste fraco pela manhã, passando a leste forte a tarde. Melhores condições : Arpoador, São Conrado canto esquerdo, Canto do Recreio e Grumari.

Minduim-9

De Olho no Tour – A vitória de Jeremy e a volta do campeão

O novo episódio do programa “De Olho no Tour”, com Carlos Matias (Ricosurf) e Marcelo Andrade (Surf100Comentários), tem como tema o Tahiti Pro, sétima etapa do CT 2015 que terminou com vitória de Jeremy Flores sobre Gabriel Medina.
O retorno do campeão, a atuação dos brasileiros, o bom retorno dos ex-lesionados John John Florence e Jeremy Flores, e muito mais, fazem parte do cardápio deste 14º episódio.

Feras feridas

A vitória de Jeremy Flores no Billabong Pro Teahupoo não foi uma surpresa. O local das Ilhas Reunião já é, há algum tempo, um dos melhores tube riders do planeta e junto com John John Florence, um dos mais insanos surfistas do Tour. Sua coragem e ousadia já foram premiados em Pipeline, onde venceu em 2010, e agora no Tahiti, somando os dois troféus mais cascudos da WSL. O que foi bacana é a conquista com um coágulo na cabeça depois de quase morrer na Indonésia dois meses antes. Coisa de guerreiro!

Porém o que me fez realmente pensar foi a performance de Gabriel Medina no evento. Diria que suas atuações foram mais técnicas do que ano passado, quando venceu em ondas incrivelmente perfeitas, embora grandes. Com o swell de sul e o forte vento deixando as cracas menos tubulares e a saída dos tubos mais complicadas, Medina deu aula de escolha, colocação e talento para percorrer com velocidade os canudos da temida bancada. Parecia que o brasileiro surfa o pico desde os 5 anos de idade tamanha desinibição. Um caso de amor, só pode ser!

Acho que os eventos em Fiji, J-Bay e agora em Teahupoo foram bons para o menino, pois como todos são lugares onde tem pouca gente (no caso de Jeffrey’s poucos brasileiros), a pressão em cima dele diminuiu horrores e ele pode se focar apenas em surfar e competir. Me parece também que já está se habituando aos poderosos holofotes, pois até nos comerciais para a TV ele se mostra mais a vontade com as câmeras. Nada como a maturidade.

Medina foi o melhor surfista do evento, de longe. Caiu para Flores na final porque obviamente o francês é ótimo mas também porque deu sorte naquela onda mágica enviada por Netuno, talvez arrependido por ter culpa no cartório na vaca brutal que quase fez nosso amigo Jeremy perder as botas. Sua bateria contra JJF foi épica e a vitória contra o cascudo Owen Wright nas semis foi absolutamente avassaladora, passando por cima do aussie como ele fosse um Zé Ninguém. Isso é atitude de campeão do mundo.

Gabriel voltou a mostrar surf de campeão mundial. Foto: WSL / Stephen Robertson

Gabriel voltou a mostrar surf de campeão mundial.
Foto: WSL / Stephen Robertson

Quem me agradou também foi Ítalo “Ídalo” Ferreira, como escutei na ESPN. O cabra é arretado mesmo. As vacas horrendas que tomou no penúltimo dia de campeonato podiam deixar qualquer um com os dois pés atrás. Mas não ele! Após se tacar nas morras de Cloudbreak, o garoto se entocou em ondas brancas e ocas com a rasa bancada de Teahupoo louca para tirar seu escalpo. Para mim, o prêmio dado a C.J. Hobgood (A.I. Memorial Award) tinha que ir para Ítalo, pois ninguém se atirou mais que ele.

Não falta disposição e coragem para Italo Ferreira. Foto : WSL/ Cestari

Não falta disposição e coragem para Italo Ferreira. Foto : WSL/ Cestari

Felipinho Toledo passou com nota 6 pelo seu primeiro ano na praia dos crânios quebrados. Ficou um pouco intimidado, o que é normal, mas se soltou quando o mar esteve de 4 a 6 pés mostrando controle nos canudos de backside, me surpreendendo positivamente. Acho até que pode ter se machucado por estar “à vontade demais”. Vai escutar um monte de bobagem por não ter pego nenhuma onda no Round 5 contra Ferreira, mas com 5 pontos no cotovelo, todo doído, o 9o lugar ficou de bom tamanho e o manteve forte na briga pelo título. Acho que seu staff devia marcar um período de treinos dele por ali, numa época sem eventos, para que possa se ambientar melhor, pois não adianta querer pegar quilometragem em período de campeonato, quando o crowd é chato. O negócio é surfar sem pressão e curtir os tubos do pico. Prazer supera o receio.

Quanto ao líder do ranking, achei normal a derrota para Bruno Santos. Aliás, tenho certeza de que o niteroiense era favorito em quase todas as bolsas de apostas de entendidos do assunto. Por diversas vezes o wild card em Teahupoo mandou cedo para casa o número 1 do Circuito e Mineiro não teve muito o que fazer. Escutei gente falando que Adriano está um pouco passivo mas a realidade é que ele já vem tendo problemas com este meio de temporada faz tempo. É seu calcanhar de aquiles, junto com Pipeline. Por isso, é necessário ele arrebentar em Trestles, Hossegor e Peniche, onde geralmente tem boas atuações, para voltar a ter uma boa vantagem no ranking (evaporada após Fiji, J-Bay e Teahupoo). Na minha opinião o que está faltando ao Adriano é o algo mais quando chega nas quartas-de-final. Na metade do Tour, todos os Top 10 já estão no ritmo e menos propensos a erros. Vence quem realmente está surfando melhor. E Adriano não está surfando melhor do que no primeiro trimestre. Ele sabe disso!

Adriano de Souza foi eliminado por Bruno Santos, que é um dos melhores tuberiders do Brasil e do mundo. Foto: WSL/Cestari

Adriano de Souza foi eliminado por Bruno Santos, um dos melhores tuberiders do Brasil e do mundo. Foto: WSL/Cestari

Guigui teve sua habitual classe exibida no Tahiti. Podia ter chegado mais longe. Mas demonstra desde o início do ano que chegou pronto ao Tour e que agora a evolucão apenas vai lapidar seu enorme talento. Vai ser bacana vê-lo atuar em Trestles, uma onda que não ponho entre suas especialidades. Miguel Pupo é que está cada vez mais sumido do noticiário e isso não é bom. A fase não está boa e resultados na Califa e Europa são fundamentais para se manter na elite em 2016. Nunca se deve depender do Hawaii, onde tudo pode acontecer.

No mais, estou ansioso por Trestles, uma das minhas ondas preferidas do Circuito. Vou torcer para que o mar fique como no último dia da etapa de 2014, quando Jordy Smith e CIA deram um show nas lindas direitas de 6 pés. Filipe Toledo é um dos favoritos. Florence, Julian Wilson e Fanning também. Adriano tem tudo para alcançar um belo resultado (só não pode pegar um Dane Reynolds pela proa de novo, só para complicar)  enquanto Medina deve surpreender agora, que está mais tranquilo e com a faca nos dentes. A incógnita será Kelly Slater. Maior vencedor ali, com 6 vitórias, o americano conhece como ninguém os atalhos para ganhar mas irá precisar lidar com os malabarismos da nova geracão e tirar coelhos da cartola. A não ser que as ondas fiquem maiores, sem tanta oportunidade para os truques. Aí, quem sabe, ele pode entrar de vez na briga pelo título, que está acirradíssima, como há muito não se via.

Entre mortos e feridos, o Circuito vai chegando a seu ponto crucial, quando se definem de vez os postulantes ao caneco e quem pode perder sua vaga na elite. Cada bateria terá mais pressão e somente os fortes mentalmente vão superar as adversidades. Tá chegando a hora da verdade.

 

Chutômetro das Ondas 21-08

Sábado dia 21/08 – Aproximadamente 1,5 metros, com séries maiores nas praias que entram melhor a ondulação de sudeste. Vento leste/ nordeste moderado pela manhã, passando a leste forte a tarde. Melhores condições : Arpoador, São Conrado canto esquerdo, Macumba e Canto do Recreio, na parte da manhã.

Domingo dia 22/08 – Um metro, com séries maiores nas praias que entram melhor a ondulação de sudeste. Vento nordeste moderado pela manhã, passando a leste moderado a tarde. Melhores condições : Arpoador, São Conrado canto esquerdo, Macumba e Canto do Recreio, na parte da manhã.

Video @ezalx

20150821133640
Foto Cesinha Feliciano @cesinhafeliciano

Ubatuba 100% Surf

Em 1986, durante o campeonato Sundek Classic, tive o prazer de conhecer um dos lugares mais surf do Brasil. Morava em Pernambuco, com poucas investidas em picos do Sudeste que fossem além do Rio de Janeiro, minha cidade natal. Logo de cara fiquei maravilhado com o lugar. Muito verde cercando as praias, uma beleza totalmente diferente da que estava acostumado no Nordeste. As ondas também me impressionaram, com longas direitas, que entravam no canto de Itamambuca. Para quem é regular, como eu, surfar ondas daquela qualidade é certeza de muita curtição. Estávamos em pleno plano cruzado e as marcas de surf estavam cheias de dinheiro para investir em campeonatos de grande porte. Naquela época, Itamambuca tinha um localismo pesado, respeitado pelos atletas que vinham de fora para competir. Mesmo com o clima um pouco hostil dentro d’água, a cidade já recebia seus visitantes de forma acolhedora.

Em 1987, primeiro ano do Circuito Brasileiro de Surf, cinco etapas determinaram o título de campeão brasileiro. Patrocinadas por cinco marcas paulistas de grande representatividade no mercado surfwear, Joaquina, Pitangueiras, Stella Mares, Itaúna e Itamambuca foram as praias escolhidas para sediar as competições nacionais daquele ano. De 1987 até 2015, a única cidade que não saiu no calendário nacional foi Ubatuba. A constância e a qualidade de suas ondas e a boa estrutura oferecida pela cidade foram determinantes para que Ubatuba se tornasse parada obrigatória do circuito brasileiro profissional. Da mesma forma, passou a ser palco de eventos internacionais desde 1988. Na semana passada, fui novamente para Ubatuba para fazer a transmissão da segunda etapa do Super Surf 2015. Desta vez o local escolhido foi a Praia Grande, no pico conhecido como Baguari, canto esquerdo da praia. Muitos perguntavam por que o campeonato havia sido tirado de Itamambuca, tradicionalmente a melhor onda do município. Foi porque a prefeitura da cidade, que ajudou na realização do evento, viu a possibilidade de atrair mais público para assistir à competição, uma vez que a Praia Grande fica dentro da cidade, oferecendo mais facilidades para os moradores locais. Com certeza a escolha do pico foi um grande acerto. A ondulação de leste, predominante durante todos os dias de competição, entra melhor em Baguari do que em Itamambuca, que fica com uma corrente contrária à ideal.

Em 1993, a extinta Sea Club também teve esse feeling e fez a sua etapa do brasileiro no mesmo local. Foi um grande evento. Dadá Figueiredo levou a torcida local ao delírio com seu surf moderno para a época, trazendo o caneco para o Rio. Neste ano, o catarinense Tomas Hermes foi o grande campeão. Mostrou muita velocidade e fluidez para linkar suas manobras. O paranaense Jihad Khord, que estava voando, não conseguiu barrar Tomas na grande final. Com 160 inscritos, o Super Surf está aproveitando o bom momento do surf brasileiro. Os atletas novos sonham em ser novos Medinas e os mais experientes em mostrar que ainda estão em forma. O duelo de gerações está sendo benéfico para todos.

Tomas Hermes mostrou uma abordagem modena para vencer a segunda etapa do Super Surf. Foto: Smorigo

Tomas Hermes mostrou uma abordagem modena para vencer a segunda etapa do Super Surf. Foto: Smorigo

Não quero falar da competição, pois todos os sites já colocaram o release do evento, contando tudo o que aconteceu. O meu intuito é falar sobre a importância de Ubatuba para o surf local e, consequentemente, para o surf brasileiro. As escolinhas de surf têm apoio da prefeitura e são levadas a sério pela comunidade. Nas escolas municipais, surf é uma disciplina da educação física. Poucas cidades têm projetos de base tão forte. A AUS, Associação Ubatuba de Surf, recebe uma verba anual para organizar o melhor circuito municipal do Brasil. Neste circuito participam atletas amadores, profissionais e os masters da cidade. Todos se mostram engajados no sucesso do circuito, trabalhando com muita seriedade e ética, virtudes de poucas entidades quando se trata de Brasil. O resultado deste trabalho gerou campeões brasileiros como Ricardo Toledo, Renato Galvão e Suelen Naraisa, e atletas da elite como Tadeu Pereira, Filipe Toledo e Wiggolly Dantas, além de uma grande quantidade de surfistas de ponta. Sem o localismo dos anos 1970 e 1980, Ubatuba é o exemplo a ser seguido por todos.

Sempre fiquei tranquilo com os eventos da ABRASP em Ubatuba. Sabia que seríamos bem recebidos e que dificilmente algo sairia errado. A preocupação com os detalhes é uma característica da AUS. Mais uma vez, tudo saiu melhor do que o previsto. O hotel onde nos puseram era de primeira, assim como o restaurante onde jantávamos, cujo dono, o ex-surfista Alfredinho, fez questão de nos receber e dar uma total atenção. Me senti em casa novamente. Trabalhar num local onde você se sente bem é tudo de bom. Escrevo este texto para agradecer a todos que nos trataram com respeito e profissionalismo. Se no esporte tivéssemos vários exemplos iguais aos de Ubatuba, seríamos imbatíveis. Teríamos a certeza de que as gerações sempre seriam renovadas e de que a tempestade brasileira dominaria o mundo por muito tempo.

Jihad Khodr arrebentou com sua prancha 5'6". Foto: Smorigo

Jihad Khodr arrebentou com sua prancha 5’6″. Foto: Smorigo

Aula de tubo

Quem teve o privilégio de assistir a 5a bateria do Round 3 do Billabong Pro Teahupoo ontem, 17/08, teve uma aula grátis de como se deve entubar, tanto de front quanto de backside. Gabriel Medina e John John Florence estão entre os melhores tube riders do mundo e a performance da dupla simplesmente beirou a perfeição, com ambos marcando 37,84 em 40 pontos possíveis. Um duelo de titãs!

Para mim, que sou um amante do bom surf, pouco importava quem venceria. Já passei daquela fase ufanista, onde torcer para que um brasileiro vencesse a qualquer custo ditava minha vida. Prefiro que ganhe o melhor. Se ele for um conhecido ou alguém que simpatizo, ótimo! E deu Medina, que na minha opinião quase foi prejudicado pelos juízes. Tudo bem que JJF estava de backside e as ondas eram visivelmente mais fáceis para os goofies, mas realmente o havaiano teve todas suas notas altas um pouco overscore, o que obrigou o brasileiro a fazer mágica no finalzinho da bateria com um 9,73 muito bem surfado.

Medina surfou a sua melhor bateria do ano, até o momento,   contra JJF. Foto : WSL / Stephen Robertson

Medina surfou a sua melhor bateria do ano, até o momento, contra JJF. Foto : WSL / Stephen Robertson

Mas voltando a aula, como é bom ver dois talentos tão jovens ditando as regras num circo onde os melhores tuberiders passam dos 30 anos, Kelly então passa dos 40. Isso prova que os home breaks de ambos, sem comparar Pipe com Maresias, foram fundamentais na base sólida que Gabriel e John John possuem na arte de se entocar. O fato de Medina não ter tanta experiência em cracas quanto Florence não transparece tanto quando as condições estão perfeitas, ainda mais pra esquerda. O brazuca compensa com muita intuição, inteligência e sensibilidade para saber onde as ondas estão quebrando para proporcionar tubos mais longos. JJF está num nível acima de Medina, até porque realmente ele faz coisas dentro dos tubos que só vi Slater fazer. Só que a diferença entre eles, ao menos em Teahupoo 6 a 8 pés, é mínima e uma onda um pouco melhor poderia fazer a diferença para qualquer um dos lados. Na real, as 3 melhores ondas de Gabriel foram melhores que as 3 melhores ondas de Florence. E isso foi o que definiu a bateria.

Devemos ter uma parada no evento com o recomeço lá pelo dia 23 ou 24. A previsão é de ondas maiores. Mesmo assim, Gabriel é um dos grandes favoritos ao título da etapa. Seus maiores concorrentes na sua chave até a final são Owen Wright, que inclusive já fez final ali em ondas enormes, e Bruno Santos, vencedor em 2008. Do outro lado, C.J. Hobgood, que enfrenta Julian Wilson, Jeremy Flores, que encara Joel Parkinson e Kelly Slater, que pega Sebastian Zietz, são os favoritos, mas todos tem baterias duríssimas pela frente. Como Medina já derrubou seu gigante (talvez o maior deles), a pressão está principalmente em Slater, que não engoliu a derrota para Gabriel ano passado e deve estar querendo uma revanche.

A vitória sobre JJF foi tão emblemática, vide a comemoração efusiva com seu padrasto Charles no canal, que acredito até numa redenção já neste ano, ao menos para uma posição mais honrosa no ranking, tipo Top 5. Após o Tahiti, temos Trestles, França e Portugal, todos lugares onde Medina tem potencial para excelentes colocações. Sei que para brigar pelo título está complicado, mas como os primeiros colocados estão marcando toca, não duvido nada que este seu sprint de final de temporada possa deixar ainda mais equilibrada a briga pelo caneco da WSL em 2015.

John John Florence voltou de contusão, mas surfou no melhor da sua forma. Foto: WSL / Stephen Robertson

John John Florence voltou de contusão, mas mostrou a facilidade que tem para entubar. Foto: WSL / Stephen Robertson

QUEIMANDO A LINGUA

Para finalizar, preciso fazer um mea culpa em relação ao potiguar Ítalo Ferreira. Não gosto muito do estilo do garoto, mas é inegável a vontade e determinação, além da enorme capacidade de evoluir, que ele vem demonstrando ao longo do ano. Não levava muita fé no menino, mas depois de sua atuação no último dia de Fiji e nas vitórias em Teahupoo no Round 1 e 3, sou obrigado a aceitar que o cabra é bom mesmo! E digo mais, parece ter uma inteligência tática acima da média entre seus pares. Uma bela surpresa! Pra quem como eu, que apostava no Roockie Of The Year para Wigolly Dantas, me parece que vai ser complicado tirar este prêmio lá do Rio Grande do Norte. E Medina que se cuide no Round 4, pois Ítalo não me parece se incomodar com status de campeão disso ou aquilo… Pra ele é todo mundo João!

O campeão brasileiro de 2014, Italo Ferreira, tem grandes chances de ser o melhor estreante do CT 2015. Foto: WSL / Stephen Robertson

O campeão brasileiro de 2014, Italo Ferreira, tem grandes chances de ser o melhor estreiante do CT 2015. Foto: WSL / Stephen Robertson

Educação e Respeito

Por Bruno Marinho.

 

Hoje fui surfar sozinho, o que tem sido frequente pois minha fissura ultimamente está superando a de meus amigos mais próximos. Sábado, Rio de janeiro, resquícios de uma ondulação de leste. Condições bem fracas na maioria das praias, mas na Joatinga, embora pequenas, ondas com excelente formação.

Melhor pedida para o dia, já que a baixíssima temperatura da água espantava o crowd, normalmente comum na pequena faixa de areia da famosa praia carioca. Entrei na água e achei bem confortável, pois nem era tão cedo, as ondas estavam constantes e apenas umas 5 cabeças no pico. Dois amigos, uma menina, que aparentava ter uns 12 anos, e mais 2 outros surfistas. Passaram-se uns 20 minutos e assisti uma situação que me motivou a me aventurar com as palavras – o que domino muito pouco, e escrever este texto.

Um dos amigos que conversavam em voz alta no pico começou a falar sobre imóveis, e reclamou do país: “Este país é uma merda! ” – Reclamação usual que temos escutado muito ultimamente por aí.

Em seguida veio uma série e outro surfista que esperava sua vez, na preferência, remou e foi rabeado por aquele insatisfeito com o país. Quando ele voltou para o pico, deu um esporro no surfista que tinha a preferência da onda, alegando que era local do pico. Gritando, “Eu sou local, moro aqui na frente. A primeira onda é sempre do local e você tem que esperar. Eu sou local”.

Localismo em Teahupoo

Localismo: tema sempre polêmico

Sobre localismo, nunca fui a favor, nem radicalmente contra, mas temos que analisar caso a caso. Desconsiderando o localismo no Quebra mar, que nem vale a pena incluir na análise, vamos ao caso das ilhas Havaianas, por exemplo, que se trata de uma questão colonial, onde os nativos tinham uma relação praticamente indígena, com suas terras e suas ondas, e viram uma invasão de fora. Sentindo uma grande ameaça as suas pacatas ilhas, preocupação que se estendeu por gerações, o localismo atual, até certo ponto, possui um propósito. Até certo ponto, discutível ou aceitável.

Outro caso é do Arpoador, onde vemos hoje o que eu considero a forma mais elegante e educada de localismo. Quando tá clássico, os locais surfam com mais 3 no pico e quem quiser surfar paga com a antecedência necessária e garante sua vaga. Quando tá clássico tem campeonato, e quando tem campeonato, tá clássico. Brilhante idéia para um pico que nem a noite você surfa sem crowd.

Mas aonde está minha maior motivação em escrever? Pelo fato de a menina surfista que aparentava seus poucos 12 anos ser filha do surfista, que implantava o localismo ultrapassado e incabível descrito, assistir toda a cena. É clichê, mas não podemos deixar de ressaltar que para termos um país melhor depende de cada um de nós. Estamos num país onde uma pessoa, sem nenhum respeito ao próximo, acha que pode se dar a um direito sobre outra, por qualquer conclusão própria. Ele acha que pelo simples fato de morar em frente, tem o direito de ser, ou se achar, dono de uma praia, desrespeitando o outro que também desfruta daquele espaço público com educação. Aliás, era onde eu queria chegar: EDUCAÇÃO. Que educação uma jovem com 12 anos vai obter, assistindo este exemplo de moral e cidadania de seu próprio pai. E ele reclamando do país… talvez se ele não tivesse reclamado do país minutos antes, eu não estaria escrevendo.

dont

Ensinamento com mais de 2000 anos do filósofo Confúcio: “Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você.”

Não adianta botar toda a culpa na Dilma, no Lula, no PT se continuarmos com atitudes como esta por aí. Agindo desta forma e com essa mentalidade, podemos ter o governo da Finlândia na direção do nosso país, que vai continuar dando errado.

Respeito não se impõe, se conquista. Se você é local de alguma praia, conquiste seu respeito com educação, simpatia e gentileza. No surf, no trânsito, na vida, reclame menos e ajude a mudar o país com pequenas atitudes ou pequenas mudanças de atitude.

Chutômetro das ondas 07-08

Sábado dia 8 – Um metro séries maiores, ondulação de sudeste, passando para leste e vento leste moderado pela manhã e forte a tarde. Melhores condições : Arpoador e São Conrado canto esquerdo na parte da manhã.

Domingo dia 9 – Um metro ondulação de leste, e vento leste moderado pela manhã e forte a tarde. Melhores condições : Arpoador e São Conrado canto esquerdo na parte da manhã.

surf100comentarios-surf

Pai o grande ídolo

No segundo domingo de agosto comemoramos o dia dos pais.  Pode ser algo meio comercial, mas muito merecido. Particularmente, vejo meu pai como meu grande ídolo. Imagino que a maioria dos surfistas, que tiveram incentivo do pais para seguirem suas carreiras, também tenham o mesmo sentimento. Por isso faço essa pequena homenagem aos pais que tratam seus filhos com muito carinho e atenção, principalmente para os pais surfistas que batalham pelo sucesso profissional de seus sucessores.

Charles pode não ser pai biológico do Gabriel Medina, mas o trata como filho. Foto : Instagram

Charles pode não ser pai biológico de Gabriel Medina, mas o trata como filho. Foto : Instagram

Wagner Pupo foi top brasileiro por 13 anos. Passou seu lado competitivo para miguel, Dominique e Samuel. Junto com Jeane, sua mulher, fazem tudo pela carreira dos filhos. Foto: Surfar

Wagner Pupo foi top brasileiro por 13 anos. Passou seu lado competitivo para Miguel, Dominique e Samuel. Junto com Jeane, sua esposa, fazem tudo pela carreira dos filhos. Foto: Surfar

Dadá Figueiredo foi ídolo nos anos 80. Agora faz o shape das pranchas do seu filho Dávio, para as competições. Foto : Globo.com

Dadá Figueiredo foi ídolo nos anos 80. Agora faz o shape das pranchas do seu filho Dávio, para as competições. Foto : Globo.com

Picuruta Salazar e seus filhos Leco e Matheus Salazar formam uma família de campeões.

Picuruta Salazar e seus filhos Leco e Matheus formam uma família de campeões.

Kolohe Andino segue o tour com a presença do seu pai Dino Andino. Foto : Surfer Magazine

Kolohe Andino smepre seguiu o tour com a presença do seu pai Dino Andino. Foto : Surfer Magazine

Ian Gouveia tem apoio total do seu pai Fabio Gouveia para seguir sua carreira de surfista profissional. Foto : Pegadas Salgadas

Ian Gouveia tem apoio total do seu pai Fabio Gouveia para seguir sua carreira de surfista profissional. Foto : Pegadas Salgadas

Lee Ann Curren e seu pai e ídolo Tom Curren.

Lee Ann Curren e seu pai e ídolo Tom Curren.

David Husadel tem em Pedro Husadel seu sucessor.

David Husadel tem em Pedro Husadel seu sucessor.