Chutometro das Ondas 26-06

Sábado dia 27 – Zona Oeste – Meio a um metro, com serie maiores em algumas praias que recebem bem a ondulação de sudeste. Na zona sul o mar deve ter meio metro séries maiores. Vento nordeste fraco pela manhã, passando a leste forte a tarde. Melhores condições: Prainha canto esquerdo, Canto do Recreio na parte da manhã, alguns picos de Ipanema e Leblon no meio do dia.

Domingo dia 28 – Zona Oeste – Meio a um metro, com ondulação de leste. Vento nordeste fraco pela manhã passando a leste moderado a tarde. Melhores condições: Prainha canto esquerdo, Canto do Recreio na parte da manhã, alguns picos de Ipanema e Leblon no meio do dia, São Conrado canto esquerdo.

Foto: Minduim Foto: Minduim

M + A + R = Vida

“A vida é passageira”. “A vida é agora”. Vários são os ditados populares que tem sido repetido, postado e compartilhado nas redes sociais ultimamente. Nos últimos meses, alguns grandes atletas morreram e outros se feriram gravemente praticando o esporte que mais amam. No surfe, Michel Bourez, John John Florence, Jordy Smith, Brett Simpson, Kai Otton e agora Jeremy Flores se contundiram. Jeremy se contundiu feio. No paraquedismo e alpinismo, Dean Potter, o equivalente a uma mistura de Gerry Lopez com Laird Hamilton, numa comparação com o surf, faleceu praticando wingsuit base jumping. Semana passada foi a vez do Claudio Knnipel. Não o conheci, mas pelo que amigos próximos me falaram era o equivalente ao Rico de Souza mais novo do paraquedismo. Outra fera brasileira desse esporte, Andre Penz também se foi fazendo o que mais amava. Praticante de ambos esportes, não pude deixar de refletir sobre o assunto.

Jeremy Flores sofreu uma grave contusão surfando na Indonésia

Jeremy Flores sofreu uma grave contusão surfando na Indonésia

Durante meus 36 anos, 30 deles passei na água aprendendo e praticando esportes aquáticos, na piscina, e no mar. Joguei polo aquático por muito tempo, porém foi no surfe que descobri minha terapia maior. A relação com a natureza que o mar proporciona, ao te dar o poder de flutuar na água, e se descolar do continente terrestre, traz uma energia revigorante incrível, acredito que venha daí a máxima dessa nossa tribo que diz: “não há nada que um bom dia de surfe não cure”. Após anos sentindo essa sensação única no mar, cheguei a um ponto que acreditava estar estagnado e que somente ondas maiores, mais perfeitas ou mais longas me proporcionariam a adrenalina necessária para continuar habitando esse país desprovido de ondas “world class”. Finalmente há um ano atrás, através do meu amigo Marcos Sifu, descobri outro fator da natureza gerador dessa mesma energia, o ar.

 Marcos Sifu, apresentador do programa Aprendiz de Basejumper no canal OFF, da Globosat.

Marcos Sifu, apresentador do programa Aprendiz de Basejumper no canal OFF, da Globosat.

A experiência de saltar de um avião em movimento com paraquedas nas costas para um leigo parece algo inconcebível. Com certeza seria se não houvesse treinamento e normas de segurança a serem seguidas pelo ser humano que almeja chegar ao poder natural único dos pássaros. Orientação profissional é primordial e após superado a fase inicial a experiência se torna algo que é difícil descrever em palavras.

O ar passa uma outra sensação. O resultado final para um esportista radical é o mesmo, mas o caminho até ele é muito diferente. O mar e o ar têm apenas uma letra de diferença, mas um alfabeto inteiro de distância física. Foram criados juntos e um não existe sem o outro. Muitas vezes ficam da mesma cor. O mar é parâmetro de altura para o ser humano, já o céu pode ser medido, mas até hoje não descobriram esse limite, é infinito. Ar muda de pressão, o mar muda de profundidade. No ar você voa com corpo ou dentro de alguma aeronave, no mar você flutua com embarcações, pranchas e com corpo. O homem desenvolveu esportes para usufruir destes dois ambientes de formas diferentes, mas em busca do mesmo. A elevação espiritual, adrenalina, felicidade, sentimento de cabeça feita, amarradão, paixão, amor, chame como quiser. Para cada um acontece diferente de acordo com fatores que só a natureza tem o poder de escolher e mostrar a cada indivíduo no momento certo. Um ciclo que na minha opinião passa pelo passado para devolver no presente uma dádiva a todos que merecem.

Marcos Sifu é surfista aerialista e paraquedista. Foto: aerofishbrasil.blogspot.com.br

Marcos Sifu é um surfista aerialista e paraquedista. Foto: aerofishbrasil.blogspot.com.br

O resumo dessa história é que surfando ou voando a busca da plenitude segue da mesma forma e para muitos o mar, o ar e a terra se completam e quanto mais fatores você for capaz de usufruir praticando esportes, contemplando e preservando, aumentará em muito sua qualidade de vida nesse tempo terreno enquanto estamos aqui em forma de figura física. Quando o momento da passagem para o próximo nível finalmente chegar, estaremos todos de cabeça feita brindando a vida do lado de lá. Esse texto vai em homenagem a todos os que passaram de fase surfando ou voando. Descansem em paz!

Dear Potter, uma referência do esporte, que saltava sempre com seu cachorro, morreu em salto de base jump no Vale de Yosemite

Dear Potter, uma referência do esporte, que saltava sempre com seu cachorro, morreu em salto de base jump no Vale de Yosemite.

Chutômetro das ondas 19-06

Sábado dia 20 – Um metro e meio a 2 metros, séries maiores em algumas praias. Ondulação de sul/sudoeste, e vento leste já pela manhã. Melhores condições : Prianha canto direito e Grumari canto direito.

Domingo dia 21 – Um metro e meio, series maiores em algumas praias. Ondulação de sudoeste, e vento leste já pela manhã. Melhores condições : Prianha canto direito e Grumari canto direito.

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De Olho no Tour – Domínio australiano em Cloudbreak

Assista ao novo programa “De Olho no Tour” sobre o Fiji Pro, que foi dominado pelos australianos e que tem um novo rei: Owen Wright.
A atuação espetacular de Owen, a participação dos brasileiros, o que pode estar atrapalhando Gabriel Medina no tour, as pranchas que funcionaram em Cloudbreak e informações sobre a próxima etapa estão no cardápio de assuntos desse novo episódio.

Slater, o mito teimoso

A idade quase sempre traz experiência, sabedoria e tranquilidade. Mas pode trazer também a teimosia, saudosismo e impaciência. Tudo depende de como se encara a vida. Depois de assistir as baterias de Kelly Slater nos Round 4 e 5 do Fiji Pro fiquei com a sensação de que o freak americano parece sofrer das partes negativas do envelhecimento, ao menos em sua vida profissional.

É notório que com a idade, o corpo vai mudando, os músculos murchando e a elasticidade diminuindo. Com Kelly, isso não é tão visível já que seu corpo sempre foi acima da média em relação a nós. Tudo devido a sua disciplina, tanto na alimentação quanto na preparação física. Só que aos 43 anos, a distância entre ele e a nova geração ficou apertada, se ainda existe. Slater tem 54 vitórias no WCT, quase o dobro do segundo da lista, Tom Curren, com 33. Só que não vence um evento desde de dezembro de 2013, quando conquistou o Pipe Masters em cima da John John Florence. São 18 meses de jejum que certamente estão gerando agonia e ansiedade.

Há muitos anos, Kelly tem sido um dos surfistas que mais apostam em inovações nas pranchas de surf. E isso foi um dos fatores que aumentou seu domínio no esporte. Só que nos últimos três anos, vem testando, nos próprios eventos, pranchas largas demais e algumas até esquisitas, coisa que deveria fazer apenas nos treinos. Acabou perdendo pressão em suas manobras, que ficaram bem abaixo do que se espera de um mito. Em Bell´s, mudou. Resolveu voltar a usar o modelo Semipro que All Merrick criou especialmente para ele e que foi um dos motivos de seu último título mundial. Seu surf esteve ótimo. Muita velocidade, fluidez e a conhecida pressão estavam de volta. Perdeu no Round 5 do Rip Curl Pro porque foi ansioso e Gabriel Medina, o adversário, sempre guerreiro, não entregou os pontos numa bateria quase perdida. Slater saiu da água sorrindo, esperou o resultado mas quando ouviu sua derrota, cumprimentou Gabriel por educação e saiu com cara de poucos amigos. Ele sabia que tinha perdido para si.

Kelly Slater não foi seletivo na escolha de ondas contra Italo Ferreira. Foto: WSL/Kirstin

Kelly Slater não foi seletivo na escolha de ondas contra Italo Ferreira. Foto: WSL/Kirstin

Em Margaret River novamente voou baixo. Tanto no Main Break como nas cracas de The Box. Perdeu para Adriano de Souza como favorito, muito porque o brazuca estava inspiradíssimo e também porque tomou um caldo animal que o deixou zonzo perdendo 10 minutos para retornar ao outside. Coisas de campeonato mas um resultado normal, ainda mais para quem o vem derrotando sistematicamente. No Brasil, outra derrota inesperada para Matt Banting, onde surfou muito mal e veio com a desculpa de que não tinha passado bem na noite anterior. Pode até ser, mas o que pareceu foi que ele definitivamente não estava a vontade nas ondas ruins do Postinho. Banting, um bom surfista, nem se esforçou muito.

Só que o auge de sua recente onda de fracassos foi em Fiji. Já iniciou o evento surfando com uma prancha que parecia uma privada do shaper aussie Greg Webber. O mar tava meio xoxo mas tinham algumas ondas boas. Foi péssimo sendo detonado por Alejo Muniz. Na repescagem, retornou com a Semipro e deu um show com tubos impossíveis completados. No Round 3 continuou com sua rotina e aplicou uma kombi em Fred Patacchia, sempre perigoso nos tubos. Foi aí que a teimosia começou a imperar, contribuindo para a perda de confiança, fato que vem assombrando o mito. Contra Julian Wilson e Taj, no Round 4 onde ninguém é eliminado, assistiu de camarote o que a nova geração pode fazer em seu reduto. Com Julian entubando e manobrando como mestre e Taj visivelmente mais a vontade nas morras de 8 a 10 pés, Slater não achou a resposta para virar o resultado. A derrota “humilhante” por 19,43 a 14,34 para Wilson o tirou do sério. Ao sair da água, perguntou para seu ex-técnico o motivo do sacode e pareceu não gostar muito do que ouviu e talvez discordando, resolveu seguir sua tática. Não deu certo. A prova foi outra derrota, na fase seguinte, eliminatória, para o potiguar Ítalo Ferreira na pior bateria do Round 5, onde a maior nota de confronto foi um 5,5 do brasileiro. Tudo bem, o mar estava difícil porém uma bateria antes Jeremy Flores deu show e uma depois Taj Burrow não teve problemas para superar Dane Reynolds, ambos com atuações pra lá de decentes.

Era esperado que o novato Ítalo não fizesse grande coisa (no dia seguinte, com as condições clean, porém ainda grande, Ferreira fez uma excelente bateria contra Julian Wilson). O brasileiro não tem praticamente nenhuma experiência em condições daquelas mas foi muito inteligente, escolhendo ondas mais lisas, fazendo o feijão com arroz e não se sentindo pressionado pela reputação de seu oponente no pico. O freak, ao contrário, surfou com uma prancha pequena demais, basicamente não escolheu onda alguma e tentou entubar em praticamente tudo que apareceu. A forma descontrolada e grommet com que Kelly competiu foi uma repetição de erros impensáveis e improváveis. Perder para Michel Bourez em 2014 nas ondas de 4 pés de Cloudbreak não foi tão ruim, mas ser derrotado em ondas com tubos largos para um surfista sem a menor experiência ficou mal. Para mim, estes erros só podem ser explicados pelo medo de perder para Ítalo. Achei que ele foi teimoso e quis talvez detonar o brasileiro, que o havia vencido em março na Gold Coast australiana. Sinceramente senti que faltou humildade para o careca. Se tivesse feito o “seu” feijão com arroz, teria vencido até com facilidade. Slater é um surfista que se sente confiante demais, mas precisa começar uma bateria com notas altas. Quando isso acontece, vence 95% das vezes. Quando tem que correr atrás do prejuízo, já não tem o mesmo gás. E mesmo com 35 minutos para achar duas ondas que somassem 10,98 (a média de Ferreira foi 10,97 – 5,5 e 5,47), o máximo que conseguiu foi 4,17 e 3,17. Ele explicou depois que se posicionou mal. Bem, isso não explica o resto das vaciladas.

Kelly conquistou seu último título mundial em 2011, vencendo em Teahupoo gigante com facilidade e na manha em Snapper e Trestles, quando teve que usar sua enorme capacidade competitiva para vencer Taj e Owen Wright respectivamente em ondas pequenas e médias. Ou seja, venceu onde sempre é favorito e também em situações em que teve que se reinventar. E mesmo com todos estes problemas que citei acima, ainda disputou palmo a palmo o caneco com Parko, Fanning e Medina. Isso não está acontecendo mais. Muita gente o está aposentando. Creio que estas derrotas apenas o estão deixando mais irritado e frustrado. Esta obsessão em ser novamente campeão mundial, acho que para terminar seu ciclo com chave de ouro, é o que está lhe atrapalhando. É horrível ver a decadência tão de perto, sem poder fazer nada para impedi-la. Isso é o curso natural de todos os seres vivos. Saber levar na esportiva e curtir os últimos momentos ajudam a relaxar. Slater passou uma carreira achando motivos para vencer. Seu espírito competitivo supriu seus defeitos e angústias. Mas está chegando a hora, talvez não de desistir, mas de aproveitar. Curtir a molecada, seus rivais e os holofotes. Pois quando chegar a hora, ele poderá olhar pra trás e pensar: “Cara, como foi bom isso!”. Sem arrependimentos, apenas a sensação do dever cumprido, como pessoa e mito do esporte.

As melhores performaces de Kelly Slater tem sido com a prancha Semi Pro. Foto: WSL/ Kirstin

As melhores performaces de Kelly Slater tem sido com a prancha Semi Pro. Foto: WSL/ Kirstin

 

Owen Left

A atuação de Owen Wright, em Fiji, foi algo para ser lembrado pelos amantes do esporte por algumas décadas. Conseguir quatro notas dez no mesmo evento é algo que nunca tinha visto. Alias, os juízes da etapa poderiam ter dado mais algumas notas dez, que ficaram no 9,93. Não acho muito legal deixar de dar um dez por detalhes mínimos. Até porque o dez as vezes é doze, como na onda surfada por Joel Parkinson na bateria do round 4. A subjetividade do julgamento permite essa diversidade de opiniões. Por isso muitos viram a vitória de Italo Ferreira sobre Julian Wilson, o que não ocorreu. Particularmente acho que o Julian venceu a bateria. Foi mais comprometido com a procura do tubo profundo e pegou a melhor onda da bateria, um 9,43, colocando para dentro de uma bomba de Cloudbreak. Italo foi o melhor brasileiro na competição. Ficou na mesma colocação de Wiggolly Dantas, mas mostrou muita inteligência, comprometimento e disposição nas suas apresentações. Para quem tem pouca bagagem nesse tipo de onda, superou muito a expectativa de todos. Tem tudo para ser o Rookie of The Year de 2015. Acredito nele como protagonista e não como coadjuvante no tour. Wiggoly é um cara cascudo nesse tipo de onda e seu resultado não me surpreendeu. Suas longas temporadas de Havai, com bons resultados em eventos do QS em Pipe, o credenciam a ter boas performances em ondas espetaculares.

Owen Wright se tornou um mito em Cloudbreak.Foto: WSL/Kirstin

Owen Wright se tornou um mito em Cloudbreak.Foto: WSL/Kirstin

Adriano de Souza continua na liderança do ranking, apesar de dois últimos resultados ruins. Em Fiji foi surpreendido por um Dane Reynolds empolgado com o convite para participar da etapa. Nem a competitividade de Mineiro foi suficiente para controlar as poderosas patadas de back, e os tubos do americano. Adriano e Filipe Toledo, que começaram a etapa com uma situação confortável no ranking, já estão vendo alguns atletas se aproximando.  Owen Wright,  Mick Fanning e Julian Wilson, estão chegando junto.  Acho que a briga pelo título vai ficar entre esses cinco, mas se o Taj Burrow, que está em sexto, for bem em J Bay, coloco ele na minha lista.
Julian Wilson entra forte na disputa pelo título de 2015. Foto: WSL/Kirstin

Julian Wilson entra forte na disputa pelo título de 2015. Foto: WSL/Kirstin

Filipe Toledo precisa ganhar experiência em ondas como Fiji e Teahupoo para seguir rumo ao seu titulo. Sua médias ficaram bem abaixo dos melhores da etapa. Faltou arriscar mais nos tubos. Tem boas chances de levar o caneco 2015, mas vai ter que compensar nas etapas que tem tudo para se dar bem, como Trestles e França. Acho que em alguns anos será um surfista completo, difícil de ser batido em qualquer onda.

Gabriel Medina, campeão do Fiji pro em 2014, não repetiu a sua atuação do ano anterior. Está faltando confiança ao nosso campeão para encarar atletas de nível mais baixo que o dele. Esse ano já perdeu para Glen Hall, Keanu Asing e Kai Otto, em condições favoráveis para ele. A equipe que cuida da sua carreira tem que analisar se rumo o trabalho está correto. Os resultados precisam voltar, pois ele se encontra na zona de degola do CT. Para quem foi campeão mundial ano passado é muito pouco.

Outro que tem que abrir os olhos é Miguel Pupo. Atleta de extremo talento, Miguel teve um ótimo inicio em Snapper Rock ,com uma terceira colocação. Depois não conseguiu mais nenhum resultado expressivo. Precisa pontuar na próximas etapas para não ficar dependendo de resultados no fim do ano, como foi em 2013.

Jadson André é um exemplo para todos os atletas do tour. Perdeu para Italo novamente, no round 3, mas vende caro suas derrotas. Sua raça impressiona demais. Pode não ter o mesmo talento de muitos atletas do CT, mas compensa com sua determinação. Acredito que não passe grandes dificuldades para se reclassificar.

Alejo Muniz não está focado na divisão de elite, pois seu retorno ao CT virá do QS, onde ocupa a terceira colocação do ranking. Está aproveitando os convites da WSL para ganhar mais experiência e gás para as competições da divisão de acesso. Poderia ter ido mais longe se não tivesse dado mole na prioridade,contra Mick Fanning, no round 3.

As duas próximas etapas serão cruciais para a definição do título. Analisando friamente as possibilidades dos cinco primeiros do ranking, Mick Fanning leva alguma vantagem em J Bay, onde é o atual campeão. Já em Teahupoo, pela performance de Owen em Fiji, acredito que possa repetir a dose no Tahiti.  Os atletas contundidos em Fiji devem voltar e a disputa será ainda mais acirrada com a volta de John john, Jordy Smith e Michel Bourez.  Vamos aguardar !!

Italo Ferreira foi o melhor brasileiro na competição, mostrando muita maturidade para um estreiante. Foto: WSL/Kirstin

Italo Ferreira foi o melhor brasileiro na competição, mostrando muita maturidade para um estreiante. Foto: WSL/Kirstin

Os convidados de Fiji

Os desfalques da etapa de Fiji foram sentidos, principalmente pelas condições do mar. Jordy Smith, John John Florence, Brett Simpson e Michel Bourez, não participaram por motivo de contusão. O que John John poderia fazer nas esquerdas longas e tubulares de Fiji ? Só nossas mentes podem imaginar. Michel Bourez, outro que poderia ter um bom resultado em Cloudbreak, deve ter ficado deseperado, assistindo o evento pela internet. Os substitutos dos contundidos não foram muito longe no evento. Jay Davis, que poderia ter ido mais longe, foi massacrado por um Kelly Slater inspirado. Aleho Muniz, que tem participado de grande parte do circuito, até o momento, deu um mole incrível para Mick Fanning e ficou na terceira fase. Aritz Aramburu, sempre competitivo, fez uma bateria dura com Owen Wright, mas perdeu no round 2. O único que vingou foi Dane Reynolds.

Gostaria de entender a WSL em algumas ocasiões. Eles pensam em melhorar o espetáculo do tour, com transmissões de alto nível, divulgações impecáveis nas redes sociais, e outras ações, mas não se importam com dois convites a locais que não tem a menor condição de participar de uma competição deste nível. O que devem fazer profissionalmente os locais Inia Nakalevu e Aca Ravulo? Pergunto isso porque gostaria de entender como dois convidados, que não são atletas profissionais, podem participar de uma etapa do circuito mundial de surf, de alto nível, sem ter algo que vá acrescentar ao espetáculo ou a imagem do produto. Imaginem convidar dois praticantes de basketball amadores,  das ruas de Nova York, para jogar um jogo da NBA. Os caras poderiam até não fazer muito feio, mas seriam engolidos pelos profissionais. A NBA jamais faria tal convite, porque tem muito dinheiro em jogo para dar esse mole. A verdade é que o surf tem coisas que nenhum outro esporte sério tem.

O convidado que realmente agregou ao evento foi Dane Reynolds. Lí muitas mensagens e textos dizendo que o americano tem sido alvo fácil para os prós do circuito. Alegam que falta condicionamento físico, ou falta vontade nas baterias. Até concordo com isso, mas acho que ele tem nível para participar de qualquer evento em ondas de alta performance. Na minha opinião, ele está entre os 10 melhores do mundo nas chamadas ondas dos sonhos. O que ele fez em Fiji é a maior prova disso. Em todas as baterias que disputou mostrou algo diferenciado. Contra Josh Kerr, no round 2, deu uma pauladas no crítico da onda que poucos conseguem fazer. Mineirinho, super competitivo, foi atropelado pela técnica e força do americano. Dane terminou a competição com na nona colocação, e gostinho de quero mais. Não se espantem se a WSL o convidar para participar de mais etapas.

A WSL afirma que não tem mais interesse em realizar triagens antes dos eventos. Porém, Teahuppo é maior prova que os dois convidados vindos da triagem são atletas com boas possibilidades de grandes performances. Não seria melhor ter uma triagem em Fiji para evitar a entrada de atletas que não são profissionais ? Sei que tem custos para isso, mas colocam 100 mil dólares para os locais havaianos numa triagem, porque não gastar um pouco em Fiji. O fato de o Brasil ter um ranking nacional facilita para a WSL, que já tem um nome definido no fim do ano anterior. Mas o circuito passa por lugares onde o único evento é a própria etapa do CT.  Para preservar a imagem do espectáculo, a WSL terá que definir melhor como será feita a escolha de seus convidados.

Dane Reynolds mostrando porque merceia uma das vagas de convidado. Foto; WSL/Kirstin

Dane Reynolds mostrando porque merecia uma das vagas de convidado. Foto; WSL/Kirstin

Chutômetro das Ondas 12-06

– Sábado dia 13 – Um metro e meio, séries maiores, principalmente a tarde. Ondulação de sul e vento nordeste fraco pela manhã, passando a leste a tarde. Melhores condições : Grumari e Macumba.

– Domingo dia 14 – Um metro e meio, séries maiores, com ondulação de sudoeste e vento norte (terral) forte pela manhã.. Melhores condições : Grumari e Macumba.

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foto:Minduim

Resultado pífio

Meus últimos textos tem exaltado os resultados do surf brasileiro, que passa pelo melhor momento de sua história. O título de Gabriel Medina foi a consolidação de anos de trabalho, aumentando muito a visibilidade do nosso esporte no Brasil, conquistando novos espaços junto ao mercado. Além disso isso, seguimos no caminho certo com dois atletas na liderança do ranking CT 2015, tendo boas possibilidades de trazer mais um caneco para o nosso país. Nossos atletas passaram a ser respeitados e temidos em todas as competições da primeira e segunda divisão do WSL.

O efeito Medina foi tão benéfico que o WCT do Rio foi algo fora do normal. A invasão das areias da Barra da Tijuca, por uma multidão de pessoas, deu uma nova dimensão do patamar que o esporte alcançou. A volta do Super Surf também veio no bonde do efeito Medina. As grandes empresas estão de volta, querendo investir, mesmo nesse momento de crise que o Brasil atravessa, mostrando que o surf está entrando numa nova fase ascendente.

Toda essa empolgação acaba quando vejo o resultado do Brasil no ISA Surfing Games 2015, na Nicaragua, onde nossa equipe ficou na vigésima primeira colocação, atrás de Escócia e Suíça. Nunca tinha visto um resultado tão fraco do surf brasileiro em competições internacionais. O que houve ? Pelo que tenho lido e apurado, os atletas tem ido competir por conta própria, já que a CBS não tem recursos, nem patrocinador, para levar a garotada. Com certeza não vão os melhores, mas aqueles que tem condições de se bancar. Acredito nas dificuldades que a CBS deve estar passando nesse momento de crise, mas a questão aqui não é falta de grana, mas de organização. Na minha opinião é melhor não participar das competições internacionais sem o mínimo de organização e estrutura para nossos atletas. É melhor não participar do que ter um resultado tão pífio como esse.

O surf de base do Brasil está passando por um momento delicado. O Circuito Brasileiro Amador está enfraquecido, sem participação de equipes fortes, como de SP e SC, que abandonaram as competições por questões políticas. As etapas do circuito estão concentradas no nordeste, causando um descontentamento para as federações do sul e do sudeste. O racha é visível, e se não houver uma mudança imediata, acredito que as coisas só piorem. Morei anos no nordeste e achava complicado os nordestinos competindo sempre no sul e sudeste. Não acho que a concentração das etapas no Nordeste seja o problema mais grave, pois por anos foi ao contrário. Mas acho que deve haver um equilíbrio, onde todos saiam de certa forma beneficiados. Independente dos problemas existentes, tem que haver um consenso para o circuito voltar ao seu rumo normal.

Ainda, uma série de reportagens, feitas pela Gazeta Esportiva, durante a etapa do Oi Rio Pro, abalaram mais ainda a credibilidade da CBS, tornando mais difícil para a entidade unir suas filiadas em torno do seu trabalho. Sem credibilidade nenhum trabalho digno segue em frente.

O resultado da Nicaragua, que está sendo chamado de vexame de Popoyo, tem que ser o começo de um novo rumo para o surf brasileiro amador. Algo tem que ser feito para a retomada dos resultados de nossas equipes amadoras em competições da ISA. Temos que criar novas gerações para o esporte continuar crescendo. Sem um circuito de base forte, e um mínimo de organização, vamos dar outros vexames, com certeza.

A equipe da Costa Rica foi a grande campeã do evento. Foto: Divulgação ISA

A equipe da Costa Rica foi a grande campeã do evento. Foto: Divulgação ISA