O Maraca é nosso!

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Hoje, terça-feira, 8 de novembro, amanheceu lindo, ao menos da minha varanda. Céu azul com algumas nuvens que tornavam a vista ainda mais bela. Porém, a cerca de 100 km ao norte, falecia Rossini Maranhão Filho, o Maraca, um menino do Rio, ou melhor, de Saquá, mesmo nascendo no Pará. Ele era publicitário, pai de Rocco, companheiro de Heloísa, surfista e amante das ondas, praias, amigos, da sua Itaúna.

Conheci o Maraca aos vinte e poucos anos, na redação do saudoso jornal Now, em Ipanema. Foi ali também, num ap de saleta e quarto que passei a fase mais divertida de minha vida profissional. Eu era um jovem tolo, como quase todos. Arrogante, querendo mostrar serviço, sem a menor consciência da responsabilidade que as palavras escritas tem na sociedade. Com esta estupidez jovial, lembro bem de que ao conhecer aquele “coroa”, de cabelos longos, grisalhos, falando como um hippie, menosprezei todo o passado que vinha atrás daquele importante personagem do esporte que eu tanto amava.

Maraca me deu aula de humildade e foi apenas com o tempo que comecei a entender o quão importante é a história e seus fatos, princípios básicos do jornalismo. Aprendi que temos que respeitar nossos heróis e mesmo sem saber, ele foi responsável por um dos maiores ensinamentos que tive na vida.

Maraca foi um dos primeiros e maiores big riders do Brasil. Um dos pioneiros brazucas no Hawaii. Ganhou o respeito de Eddie Aikau, ficou amigo do irmão Clyde e continuou, há quase 40 anos, a viver do surf, mesmo que de outra forma. Sua geração, com Penho, Rico, Otávio Pacheco e seus irmãos Fábio e Mauro, além de tantos outros, foram os meninos de ouro do surf nacional nos anos 60 e 70.

Mesmo com os problemas do cotidiano, seu sorriso sempre estava ali, principalmente quando lembrava de seus “causos” dignos de constar em qualquer livro sobre o surf no mundo. Sua paixão por Saquarema foi tamanha que resolveu morar lá. E foi lá que nos deixou.

Triste vê-lo partir ainda cedo, de forma abrupta, muito por culpa do fracasso da saúde pública de nosso país.

Queria deixar aqui, em nome do blog e de Marcelo Andrade, meus sentimentos a toda a família e amigos do mestre Maraca. E principalmente a Rocco, um bom amigo, companheiro de tantas viagens, alegrias e tristezas, que herdou a generosidade e simpatia do pai.

Uma dica: ano que vem, se conseguirem fazer a etapa da WSL em Saquarema (sinceramente não levo muita fé se dependerem do Governo do Rio), prestem a devida homenagem a este cidadão que tanto amou esta cidade e o surf brasileiro.

Vai descansar em paz grande Maraca, herói meu, seu, nosso.

 

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