Exterminador

Sim, o título acima é como Adriano de Souza está sendo chamado na Austrália. Três eventos, duas finais, uma vitória, a liderança do Circuito Mundial de Surf. A perseverança, a consistência, a frieza e a capacidade de passar por cima dos dois melhores surfistas de Margaret River até então, Slater e Florence, não deixam dúvidas que 1/4 do caminho foi percorrido com sucesso.

Ainda é muito cedo para cravar alguma coisa sobre o título mundial (aliás, era cedo ano passado, nesta mesma época, no caso com Medina, e vimos o que aconteceu em dezembro, no Hawaii). Mineiro tem experiência, tem equipamento, tem esforço, faltava a sequência. E com a complicada perna australiana finalizada, sai do país dos cangurus com uma bela vantagem, que pode ser ampliada em casa, no Brasil, daqui a alguns dias.

Mesmo com tamanha vantagem, acho que este ano o Tour será ainda mais equilibrado. Fanning está em forma, Kelly parece que achou pranchas que realmente o façam equilibrar o jogo contra os jovens e John John, bem, JJF vai aos poucos acendendo o fogo que todos sabem ser poderoso mas que ainda solta apenas algumas faíscas. Sem contar Filipe Toledo, Julian Wilson e o defensor do caneco Gabriel Medina. Enfim, faltam oito etapas e a regularidade, aliada a duas ou três vitórias, definirão o número um no final do ano.

Após o Rio de Janeiro, teremos Fiji, J-Bay e Teahupoo, todas ondas difíceis mesmo sendo tão perfeitas. O retrospecto de Adriano é bom na direitas da África, apesar do brasileiro já ter feito semi em Cloudbreak e ser sólido em Teahupoo. O problema são seus adversários, que já venceram nestes picos, alguns várias vezes. Por isso foi extremamente importante esta diferença de 7550 pontos que Mineiro colocou entre ele e Mick Fanning, o atual segundo do ranking.

Adriano de Souza assumiu a liderança do CT com 7550 pontos de vantagem. Foto: WSL/Kelly Cestari

Adriano de Souza assumiu a liderança do CT com 7550 pontos de vantagem. Foto: WSL/Kelly Cestari

Historicamente, Mineiro nestes 10 anos de Circuito, sempre teve uma boa performance no início da temporada. Seu problema sempre foi manter o rip no resto do ano. Este será seu maior desafio. Creio que a vitória de Medina em 2014 mexeu com seus brios. Não digo que seja inveja. Longe disso. Penso que agora, de verdade, ele sente que pode vencer. Acho que seu discurso de chegar ao tão sonhado título mundial, antes de GM, era um mantra e não uma certeza. Após Medina quebrar esta barreira, ele parece que transformou o discurso em objetivo real e atingível, esbanjando confiança e humildade, sabendo de suas limitações, apostando na consistência e tática.

Mineiro não é impressionante como Medina. Não é versátil como Fanning, nem genial como Kelly e muito menos inovador como Florence e Toledo. Mas tem o coração gigante e a enorme capacidade de nunca desistir. Não tira 10, mas tira sempre dois 8. Talvez não seja o preferido do público, ansioso por show, mas é um dos mais temidos pelos rivais, que no fim de tudo é o que importa. Adriano mete medo não porque assombra mas sim porque nunca é assombrado. Ele é uma máquina. Ele está obcecado. Ele acredita. Ele pode. Ele vai? Quem sabe? O mais importante é o presente, e agora, ele é o Cara! Aproveita Mineiro! Você merece!

Na final Adriano não errou nenhuma manobra. Foto:WSL/Kelly Cestari

Na final Adriano não errou nenhuma manobra. Foto:WSL/Kelly Cestari

1 Response

  1. Ivo Correa 24 de abril de 2015 / 19:37

    Análise cirúrgica Guaraná!! Ele obriga os adversários ao risco, pois sabem que ele vai ter sempre um high score na bateria. Não tira 10, mas tem.sempre dois 8…Perfeito!
    O JJohn me lembra o Dadá, com aquele surf de encher as areias só para vê-lo, mas nem sempre levando o troféu pra casa.

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