O grande Filipe

Depois da esplêndida vitória de Gabriel Medina no Fiji Pro, quinta etapa do ASP World Tour, a mídia especializada digital deitou e rolou com informações sobre o feito, diria até previsível, que o paulista teve em Cloudbreak. Digo previsível porque em ondas de 2 a 6 pés para a esquerda, daquele jeito, propícias para o surf veloz e encaixado do brasileiro, ele será favorito. Por isso, não foi nenhuma surpresa para mim a sua fácil vitória, tanto nas semis, quanto na final. Uma vez dito, vou escrever o que realmente me deixou impressionado no evento: Filipe Toledo.

O moleque ainda tem corpinho de minhoca (brincadeira!!) mas já consegue fazer manobras de enorme pressão e potência, o que não é comum em surfistas com seu peso e idade. Cloudbreak é aquela perfeição nas fotos e vídeos, porém é uma onda complicada tamanha é a sua velocidade e força. E Toledo, de backside, arrepiou com o ataque vertical e sua linha agressiva e causou furor nos comentaristas do webcast (em inglês) e até no professor Kelly Slater, PHD em Tavarua.

Filipe, ao meu ver, caminha para ser o grande rival de Medina, Julian Wilson e John John Florence (caso este deixe de goiabar nas baterias) nos próximos 10 anos. O filho do bicampeão brasileiro Ricardo Toledo faz diversas manobras de peso, domina as aéreas e vai aprendendo os segredos dos tubos, para mim sua maior deficiência no momento (alguns anos de trip para a Indonésia e Hawaii resolvem fácil). Outro fator importante é o modo como se porta diante de adversários fortes. O garoto não se intimida. E este fator psicológico vence. Medina que o diga!

Apesar de Gabriel ter vencido dois eventos logo de cara em seu primeiro semestre no WCT, acho que Filipe está mais pronto aos 18 anos, falando de performance, do que atual líder do Circuito estava com a mesma idade. Se o caminho será repetido, isso realmente ninguém sabe, pois os percalços da vida como contusões, amor, amizades e família causam consequências distintas para cada um de nós.

Para Medina, a fome de vitória aumenta a cada dia, o que é comum às pessoas que nasceram para serem grandiosas. Felipe ainda não chegou numa final mas isso provavelmente, além da conquista de uma etapa, estão mais próximos que a mídia espera. Tenho a leve impressão que com mais músculos e partindo do princípio que seu biotipo é igual ao do pai, que teve um físico primoroso, Filipinho terá o corpo ideal para alcançar grandes feitos, pois o seu talento natural para surfar é inquestionável.

Com Mineiro surfando como nunca depois que passou a usar Channel Islands (isso é fato, basta olhar ele no ano passado e a partir da Gold Coast, no Quiksilver Pro 2014) e Medina provando seu status de fenômeno, vejo Filipe chegando perto, mas com a vantagem de ser mais novo e mais moderno. Se assimilar a competitividade de ambos, será complicado segurar este garoto e, em breve, a torcida dos órfãos brasileiro ao invés de torcer para um único ídolo, ficará dividida, podendo tirar onda com os americanos, que basicamente só tem direito a torcer pelo eterno KS.

 

Filipe Toledo surfando com pressão nas poderosas ondas de Cloudbreak. Foto:ASP/Divulgação

Filipe Toledo surfando com pressão nas poderosas ondas de Cloudbreak. Foto:ASP/Divulgação

 

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