A âncora de Kelly

A etapa de Bells continua trazendo surpresas para os seguidores do circuito mundial. Ainda estamos no meio da competição, mas nomes consagrados já se despediram no round 3. Joel Parkinson, Taj Burrow, Kelly Slater, Adriano de Souza, John John Florence e Gabriel Medina não conseguiram superar adversários considerados mais fracos. Poderia ficar aqui analisando cada caso, mas meu intuito é entender o que faz um atleta 11 vezes campeão do mundo usar equipamentos tão piores que seus anteriores, no meio de um circuito com os melhores do mundo. Olhei vários posts nas redes sociais que concordavam com meu pensamento. As apresentações de Kelly Slater em Snapper Rocks e Bells foram bem abaixo do que estamos acostumados a ver. Tenho certeza que não é a questão da idade, como alguns tentaram justificar seu baixo rendimento.

Kelly Slater ajudou a desenvolver vários modelos de seu antigo patrocinador de pranchas. O modelo Semi Pro, um dos melhores de performances da Al Merrick, é considerado por muitos, ideal para ondas do circuito dos sonhos. O fato de ter comprado parte das ações da fábrica de pranchas Firewire o fez mudar seu equipamento para algo totalmente diferente do que usou a vida toda. Nos tempos de Al Merrick sempre testou modelos diferentes, sendo muitos deles referência para seus seguidores. As surpresas sempre foram positivas e por isso muitos o consideravam um ET. Porém, o que estamos vendo agora pode ser um marketing inverso. Quem vai querer comprar um modelo que piorou em demasia o surf do melhor do mundo por mais de uma década. Será que ele pensou nisso antes de se apresentar desta forma ? Não foi um pouco de soberba testar modelos no meio do tour ? Sinceramente, acho que isso pode ter sido um tiro no pé.

Kelly Slater não conseguiu fazer uma apresentação boa em Snapper Rocks. Foto: WSL/Kelly Cestari

Kelly Slater não conseguiu fazer uma apresentação boa em Snapper Rocks. Foto: WSL/Kelly Cestari

Não quero dizer que as Firewire são ruins, de forma nenhuma. Michel Bourez e Sally Fitzgibbons surfam com as pranchas e arrebentam. Taj Burrow já usou anos, e foi vice campeão mundial com esse equipamento. Filipe Toledo foi outro que já foi patrocinado. Stu Kennedy, um dos destaques da primeira etapa, estava quebrando com um modelo totalmente diferente da normalidade em Snapper, o que não ocorreu em Bells. Porém, Stu surfa de Firewire a muito tempo e está acostumado com os modelos alternativos do shaper Daniel Thomson.

O equipamento do Kelly em Snapper Rocks foi diferente do que usou em Bells. Parecia mais lento e fora do tempo das manobras na Gold Coast. Em Bells, o equipamento pareceu ser muito leve, um pouco lento nas cavadas, mas que funcionava melhor nas sessões mais em pé da onda. Não sei se é falta de adaptação, mas o resultado não foi bom. Ficou em vigésimo quinto na primeira etapa e décimo terceiro na segunda, um começo pífio para um atleta vitorioso nessas duas etapas. A cara que fez ao sair da bateria do primeiro round, e na sua eliminação, no round 3, demonstraram a frustação que estava sentindo.

Questiono a situação que Kelly criou para ele. É um dos donos de uma fábrica de prancha que não conseguiu criar, ainda, uma prancha que tenha o mesmo desenvolvimento que tinha com sua antiga marca, agora concorrente dele no mercado. Está demonstrando isso a nível mundial, para seus eternos fãs. Por isso analiso como um marketing negativo para o comércio do seu equipamento, neste começo da temporada. Se ele vai se adaptar, e quebrar tudo depois, só o tempo dirá.

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4 Responses

  1. Henry Lelot 29 de março de 2016 / 23:34

    Observando as baterias, achei que não somente o Slater, como vários atletas estão sem o equipamento adequado, ou seja, a famosa prancha mágica, a começar pelo Medina, calangando desde a primeira etapa… a magica do fim do ano passado ja ficou moida e agora pra ter outra igual? stuart kennedy tava agarrado em Bells, até o Italo Ferreira, que escolheu as melhores da serie e arriscou, ta faltando aquela magica de Margareth River, pq voltou a ser normal como antes, estilo muito quebrado, sem linha e fluidez, mas pontuou…pra mim quem ta mandando mais é o Mick Fanning mesmo… Jordy tb acerta seus high scores, mas nao consegue encaixar duas seguidas entao fica dificil… Bourez tb nao ta com drive e as manobras sem a expressão caracteristica…sei que o mar nao tava facil, mas senti muitos atletas com dificuldade de acertar o timing em Bells e isso sempre tem a ver com as pranchas …

    • Marcelo Andrade 30 de março de 2016 / 13:41

      Também achei isso Lelot. Porém, a que me chamou mais a atenção foi do Kelly. O medina alargou as pranchas e está andando em cima d’água, com pouca pressão.

  2. Provos Brasil 30 de março de 2016 / 16:07

    Cara acho que o Kelly já era, não acredito que ele ainda esteja mesmo afim de competir com o objetivo de ganhar eventos…

    Vendo pelo ângulo do “negócio” como você mencionou tão bem, é um tiro no pé….

  3. Ding Dong 31 de março de 2016 / 11:06

    O paraíba faz 17 pontos e ainda tem o surfe criticado após por esse Henry. Que não faz nem nunca fará a prancha dele nem de algum top.

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